segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Atrás da porta dele

Homem quando dá para sofrer (aliás, a maioria que dá, dá para sofrer, mas essa é outra história), sofre como um cachorro. E ninguém se humilhou tanto no seu sofrimento como Jacques Brel em Ne me quitte pas. Enquanto Elis ficava atrás da porta, Brel topava tudo, até ser o cachorro da amada. Elis, na canção perdeu seu homem, que saiu porta afora. Brel conseguiu que ela ficasse? A que preço para ambos? No fundo, much a do about nothing. Tudo ilusão! Pois, os dramas de amor são, quase sempre, muito ridículos e cômicos quando vistos de fora (mas dão belas músicas). Mas escapar deles, quem há de? Pelo menos até uma certa idade, o sofrer é índice do grande amorIsso me faz lembrar de Fragmentos de um discurso amoroso, de R. Barthes, um livro tão mais engraçado quanto mais a gente nele se reconhece no patético do "estar apaixonado". Boa, e divertida, leitura, e um autor que vai caindo no esquecimento de forma imerecida.

Um comentário:

Unknown disse...

Pois Zé...quem falou que a dor de amor não dói? V/c disse bem: - dói pra cachorro em homem e em mulher

Os dois estavam cada qual atrás da sua porta e à sua maneira.

Tudo ilusão? Não sei! Rídículos? Tentei resgatar aqui Pessoa quando ele fala disso e não encontrei. Mas tudo quando visto de fora. Já dizia minha vó que para se saber o segredo da polícia tem que entrar na farda.

Isto mesmo quem não alimentou Barthes neste livro com a espera de uma chamada telefônica? Bom lembra-lo, só não concordando muito com o seu quase esquecimento. Pelo sim pelo não, já o passei novamente da estante para as mãos do meu criado que ainda bem, continua mudo e bem mudo.


bj,

Meire