quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Augusto dos Anjos


A Prisão de Prometeu, Jacob Jordaens

Ali onde nada ressuscita,
sem volta da ida não feita,
retorna só o que se regurgita:
rancores, mal ditos, desfeitas.
.
Ali onde o tudo é morto,
ainda que corpo insepulto,
nada brota, nenhum horto,
só as palavras que esculpo.
.
Ali onde o falar se cala
nas doenças do não dizer,
fica, engasgado na fala,
o decretado morrer.
.
Ali onde se oferece a tumba,
buraco que não tem mais fundo,
enterre-se, com pompas e rumbas,
uma solidão do tamanho do mundo.
Psicografado por Zédu no 30 do 01 de 2008

2 comentários:

Zédu disse...

Lá pelos inícios do blog, quando os amigos divulgavam a minha novidade entre seus conhecidos, uma amiga apresentou a coisa para um amigo lá dela. O dito me classificou como um "Augusto dos Anjos", provavelmente piorado. Eram épocas sombrias.
Hoje, depois de tantos dias sombrios neste janeiro que não veraneia, bebericando no Bar do Frango, baixou-me Augusto, com todos os seus anjos.
Deu no que deu.

Unknown disse...

Isso é que é morrer com pompa!!

Augustiniou com força. Mas também quem mandou janeiro não veranear?

Claro que ele baixa com seus anjos e dá no que bem dado está!

Bj,

Meire