segunda-feira, 19 de maio de 2008

Mensagem de outono

Ontem, um dia meio especial por razões que só Pipoca desconfia, já que caminhava comigo, estava eu lépido e fagueiro caminhando sob o sol dourado deste outono que, por graça, havia dispensado o frio com que vem se apresentando, e como sempre com minha traquitana de tocar músicas acoplada a meus ouvidos, quando Vinícius começou a declamar um poema do qual não me lembrava, acompanhado suavemente por um piano que eu não reconhecia. Lindo poema, declamação que só um autor é capaz de fazer, tudo já muito me tocava, que ando meio sensível nestes frios de outono, nessas manhãs tardias, nessa preparação para o inverno que me ameaça com hibernações necessárias. Mas, vocês não sabem, minha traquitana de músicas no ouvido é programada para escolher, entre as quase 3000 músicas que armazena, aleatoriamente qual a faixa que se seguirá. E Vinícius findo eis que entra um Miles Davis tão suave, e tão rascante, quanto o poema que havia terminado. A combinação, que o espírito da máquina escolheu para meu escutar, encantou-me como se folhas secas derrubadas no meu caminho, sem sorrisos a impedir a minha dor de passear, fossem, o poema e a música. Tocou-me a coisa tocada e, claro, não havia outra coisa a fazer que não fosse dividí-la com vocês.
A coisa é longa, mas a coisa é bela. Escutem. E caminhem comigo nesta mensagem que mando, eu, à poesia.

3 comentários:

Anônimo disse...

Deixando suas queixas de lado e tomando uma atitude acertiva resolvi passar por aqui ãs 0:02 deste dia que inicia.
Que mais vezes esta sua traquitana escolha belos sons para seu escutar ...assim seu dia será um BOM DIA.

um forte abraço

Anônimo disse...

Vinícius e a sua incontestável capacidade de avistar flores no deserto.
"e se perdendo
Ser-lhe doce perder-se..."
Lais

Maritza disse...

parodiando outro poeta, o que dizer depois de ouvir estrelas vinicius, sempre vinicius....