sábado, 23 de fevereiro de 2008

Sexo, drogas e Rock´nd Roll




Hoje saio para encontrar meus coleguinhas de ginásio e colégio, tudo cria do Colégio Estadual Culto à Ciência (apesar de que, pelo número de mails explicando a ausência, corro o risco de fumar sózinho o cigarrinho de orégano que preparei para a ocasião). A tarde será de reconhecimento, comparações de barrigas, calvícies,, e de lembranças dos meninos, e meninas, que já fomos. A grande maioria nunca mais vi desde a solene formatura em 1966.
O Culto à Ciência ocupou-me entre 1960 e 1966, anos profundamente efervescentes na cena político-cultural brasileira. Jânio Quadros, que fi-lo porque qui-lo, Jango e Brizola, política estudantil como nunca mais (o movimento secundarista, apoiado nas católicas intenções da JEC, era extremamente atuante aqui em Campinas através da UCES), o golpe de 64 (eu era, naquele 1º de abril, diretor do Departamento de Politização do Grêmio), Bossa Nova, Cinema Novo, ou seja, vivemos o começo do fim de uma época politicamente romântica. Acho até hoje que nenhuma outra geração brasileira viveu o que vivemos.
Mas, nos corredores do Culto à Ciência, éramos só moleques e meninas, que eram muito pouco molecas, e vítimas preferenciais das molecagens dos meninos. Seremos um pouco hoje a tarde? Espero que sim. Mas, mais que nada, espero encontrar em alguns dos velhos conhecidos versões 2008 que nos permitam reconhecermo-nos no daqui para a frente, porque essa coisa de irmandade do passado só é bom de vez em quando.
Ah! O título do post não tem nada que ver com aqueles tempos. Sexo, pelo menos interpares, nem pensar, que as meninjas eram todas de boa família e um eventual beijo na namorada era o máximo admitido. Muitas delas já namoravam rapazes bem mais velhos (2 ou três anos) e nos olhavam como pirralhos inconvenientes. Drogas, só o eventual cigarro da Souza Cruz fumado "escondido" atrás da sala de Física. E até mesmo o Rock´nd Roll não pintava muito naqueles tempos de Bossa Nova, a opção politicamente correta contra o tal do iê-iê-iê que Roberto Carlos iconizava (sim, ele mesmo, esse senhor que hoje é ídolo de nossas mães e tias, o maior cantor de cruzeiros deste país, caminhando célere para a churrascaria; o tempo é cruel para quem não sabe vivê-lo). Éramos tolinhos! Viramos bobões? A descobrir.
Mas a tarde promete diversão e muito chopp, coisa que nunca recuso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ahh depois conte-me tudo e não esconda nada. Estou de cá imaginando a delícia deste encontro. Os comentário sobre as mesmas coisas de sempre à época, no mesmo frescor das gargalhadas de ontem, dos apuros e gracejos revividos como se eles dessem-se agora.

Que ao ler este comentário você tenha tido uma deliciosa tarde, um dia que valeu a pena, claro regado a papos e cervas que tenham descido redondinhas...

Para você e pelo que viveu hoje cito o que me emocionou do filme O tigre e a neve que acabo de ver agora com a Letícia neste nosso dia de sofá!!

Imperdível que é, o filme mostra a história de Attilio di Giovanni (Roberto Benigni, ator e diretor) um professor e poeta romano que acabara de lançar o livro O Tigre e a Neve. Ele, porém, não feliz, sonha todas as noites com uma escritora que parece não ter qualquer interesse nele, preocupada que está em escrever a biografia de um poeta iraquiano.

Na mudança da vida do professor quando tal e tal e que não vou contar aqui, eu enveredei no sonho do seu encontro de hoje.

Com a trilha sonora em parte cantada por Tom Waits se ouve - You can never hold back spring que sim nunca pode ser evitada.

Muito há que se falar do filme que em mim se confundiu de carona com a emoção imaginada do seu encontro com os amigos, fonte de novos versos com os quais provavelmente brindará a todos aqui no blog.

Um beijo,

Meire