segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Morangos Silvestres

Era uma vez, como em todas as fábulas, uma pessoa. Homem ou mulher, aqui não faz a menor diferença. Pois caminhava essa pessoa despreocupada por uma bela floresta quando, de repente, também como costuma acontecer nas fábulas, ouviu o terrível rugido de uma onça. Assustada, se apavora ao perceber que a onça vinha em sua direção. Sai em desabalada carreira, com a onça em seus passos, por entre galhos e espinhos, na tentativa de fugir do encontro com o bicho. Sem perceber direito o caminho pelo qual fugia, pois voltava sua vista para trás controlando a aproximação da fera, eis que a pessoa se percebe chegando na beira de um profundo precipício. Pior, sem tempo para frear sua corrida assustada, escorrega na borda daquele buraco sem fundo, e, desesperada, consegue se agarrar a alguns galhos que evitam a queda mortal. E eis que ela se vê entre o fundo do precipício e a onça que a esperava na borda do penhasco.
No meio dessa situação sem saída, olha para o lado e vê umas folhagens ao alcance de suas mãos. Solta uma das mãos dos galhos onde se agarrava febrilmente, revira a folhagem, e descobre que elas ocultavam vários morangos maduros. Colhe um morango, leva-o a boca e delicia-se com seu sabor.
E assim se deixa ficar, saboreando os morangos que se oferecem ao seu paladar. A onça e o precipício permanecem onde estavam.
Fim da fábula.
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Moral da história: Cada um que invente a sua.
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Cada um que conte a moral da história lá nos comentários.

3 comentários:

Zédu disse...

Um japonês contou a história para Rubem Alves, que "contou" para Leonor, que me contou. Créditos dados, espero a moral da história de cada um.
De minha parte, reconheci uma ligação muito estreita com aquilo que, inconscientemente, eu pretendia quando batizei o blog Desejo, Morte e Carambolas. As carambolas foram, durante muito tempo, os meus morangos.
De qualquer forma, obrigado Leonor.

Anônimo disse...

Estou pensando um monte de coisas ....e volto mais tarde com a minha moral da história...

beijo

Meire

Anônimo disse...

Em curta frase eu diria que por morangos - viver é correr o risco.

Mas indo além pergunto:

- Correr das feras para que se com elas ou em abismos a grande sacada é alcançar os morangos?

O problema deixa de estar na queda , o que clichês à parte, passa a ser do saber viver, do saborear com sabedoria o que se retire do inferno que somos nós, o que não é inferno para prosseguir.

Nestas situações e já há algum tempo, venho com a máxima de Ítalo Calvino no seu livro As cidades Invisíveis. É da síntese das viagens que nos convida a fazer, dos morangos que nos propõe a alcançar, de onde fixo essencialmente o que ele diz e que eu mencionei mais acima.

Nos abismos ou não suas cidades, nenhuma novidade, serão sempre uma grande pedida a serem reabertas até mesmo aleatoriamente como quem joga um tarot vendo o que nos reserva cada lugar.

Voltando à moral da história -

Pegue leve e evite os abismos pois se ela av-onça a gente av-ança.

Beijo

Meire
Um beijo,

Meire