sábado, 29 de março de 2008

Zé e Edu



Sempre gostei de Edu Lobo como cantor, desde os tempos do Zédu aí ao lado. Só hoje, no entanto, me dei conta que temos algumas coisas em comum. Além do nome, a voz grave de Edu é, gosto de imaginar, como seria a minha se cantor eu fosse. Mas, mais importante, há uma certa sensibilidade que me faz imaginá-lo meu companheiro nesse fundo melancólico-musical que trago comigo desde muito menino. Meu canto triste e a moça do sonho, tão minhas, tão lindos na voz de Edu.
Assim, e por outras tantas razões, dobro a promessa que fiz no post anterior e me junto ao Edu nessa trinca que espero que ele perdoe.
Dois Edus de cada Um, o Outro do Z(Edu), uma trinca.






Canto Triste


A Moça do Sonho

5 comentários:

Zédu disse...

CANTO TRISTE
Edu Lobo / Vinicius de Moraes

Porque sempre foste
A primavera em minha vida
Volta para mim
Desponta novamente no meu canto
Eu te amo tanto mais
Te quero tanto mais
Ah! quanto tempo faz partiste

Como a primavera
Que também te viu partir
Sem um adeus sequer
E nada existe mais em minha vida
Como um carinho teu
Como um silêncio teu
Lembro um sorriso teu
Tão triste

Ah! lua sem compaixão
Sempre a vagar no céu
Onde se esconde a minha bem-amada
Onde a minha namorada
Vai e diz a ela as minhas penas
E que eu peço, peço apenas

Que ela lembre
As nossas horas de poesia
As noites de paixão
E diz-lhe da saudade em que me viste
Que estou sòzinho
Que só existe
Meu canto triste
Na solidão

Zédu disse...

A MOÇA DO SONHO
Edu Lobo / Chico Buarque

Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó

Por encanto voltou
Cantando a meia voz
Súbito perguntei: quem és?
Mas oscilou a luz
Fugia devagar de mim
E quando a segurei, gemeu
O seu vestido se partiu
E o rosto já não era o seu

Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo
Talvez

Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais

Anônimo disse...

Numero três
Tanto !
Santíssima Trindade - pai, mãe
e infinita criação
Degustação de histórias.
Memórias
Palmas.

Carambolas...

Anônimo disse...

Tanta beleza. Dizer o que de tanto carinho com as escolhas que faz, dos cuidados com o que posta no blog, do zelo pelo fio condutor de tudo o que faz o seu blog - um amor delicado e talvez inespecífico...não sei.

Um beijo

Meire

Anônimo disse...

Você disse que nossos blogs são diferentes e realmente o são. mas eu adoro música, literatura, o seu estilo. Por coincidência, bati aqui com autores que amo como Edu Lobo. E entre os livros que vc cita, tem um que me marcou demais, O Zen e a arte de manutenção de morocicletas.
Por mim, teria um blog assim, mas preciso falar da injustiça neste país, daí o Recomeço.

Eu adoro ADEUS do Edu Lobo e Torquato Neto. Triste de dar dó, mas é linda:
Adeus
Vou pra não voltar
E onde quer que eu vá
Sei que vou sozinho
Tão sozinho amor
Nem é bom pensar
Que eu não volto mais
Desse meu caminho
Ah, pena eu não saber
Como te contar
Que o amor foi tanto
E no entanto eu queria dizer
Vem
Eu só sei dizer
Vem
Nem que seja só
Pra dizer adeus