domingo, 9 de março de 2008

Mulheres, com algum atraso, como sempre.


Já contei a história de minhas descobertas musicais, dos clássicos ao rock. Algumas músicas marcantes destas etapas já andei colocando por aqui. Faltava, no entanto, um gênero tão importante quanto os demais, meio sem nome, mas que sempre chamei, com algum preconceito que agora reconheço, as "músicas cafonas", ou "músicas de zona", mas que na realidade é só o reconhecimento de que a música brasileira tem uma longa história para o aquém da bossa nova. Diferentemente dos outros gêneros, não me recordo muito bem quando passei a gostar da velha guarda da MPB, seus sambas/boleros-canção, suas letras derramadas em dores de amor, em traições (normalmente da mulher), em amores perdidos, etc e tal.
Talvez tenha sido durante a temporada das serenatas para as meninas, coisa que ainda era possível fazer na Campinas de minha adolescência, mesmo que nesta época os cantores da turma atacassem mais com as baladas da própria bossa-nova (Teus Olhos, Este Teu olhar eternamente me lembrarão dos Rondinos, Roberto e Sérgio, ambos com voz empostada de cantores de churrascaria romântica), mas sem poder evitar um eventual Nelson Gonçalves, Silvio Caldas, Roberto Luna (este, na época, dono de um bar meio puteiro aqui por Campinas; daí, talvez, a "música de zona" que passei a associar ao gênero).
Talvez ouvindo rádio na rádio-vitrola da sala, talvez nos musicais do início da televisão (afinal Hebe camargo, então cantora, inaugurou a Tupi que me inaugurou a TV), talvez nos filmes brasileiros da década de 50 (Conceição, com Cauby, tenho certeza de ter escutado pela primeira vez em um musical da Atlântida), só sei que algumas músicas, e alguns cantores, logo se incorporaram ao meu repertório musical (depois de vencida a fase do politicamente correto que só nos permitia a bossa nova e Bach). No fundo, acho que descobri nas músicas antigas um veículo perfeito para minhas constantes dores de cotovelo, pois ninguém canta melhor essas coisas que um Nelson Gonçalves, um Cauby, ou o velho Jamelão arrasando um Lupicínio de boa safra. De qualquer forma, aqui também fui crescendo o gosto, "descobrindo" cantores e músicas, a ponto de poder, hoje, sentar em qualquer mesa de botequim e acompanhar as canções que os homens gostam de cantar depois de muita cerveja num daqueles bares onde as mulheres não entram. Coisa que daria um belo ensaio sociológico, já que as letras são, quase sempre, uma confissão de sofrimentos pelas ingratas que nos deixaram, de chifres que nos enfeitam e, principalmente, de nossa total e absoluta incapacidade de entender às mulheres (e de como sofremos sem elas). E não costumamos confessar isso para elas, e mesmo entre nós, só meio bêbados.
Tudo isso para encaminhar o post de hoje como uma homenagem atrasada a essa coisa fascinante que são as mulheres, cujo dia deixei passar em branco ontem. E, como tentei explicar acima, a "música cafona" não tem outro assunto que não seja a coisa da mulher. Daí a escolha musical. As imagens foram escolhidas no pouco que tenho armazenado em meu computador, mas são todas homenagens à figura feminina.
Meninas, mesmo sabendo que vocês mereciam coisa bem melhor, meu mais sincero reconhecimento pelo mistério que nos alimenta, inspira, maltrata, mas nos faz, se soubermos aprender com ele, melhores enquanto homens. O que me leva ao Seu Zeno, de uma antiga postagem (Com Ciência de Zeno), que apesar de falar das lutas que eu lutava contra o cigarro naquela época, fala de como vejo essa coisa das mulheres, bicho de muita complicação mas bom demais da conta.
E, para terminar, o mais incrível. Fui conferir a postagem do Seu Zeno e descubro que minha mais verdadeira homenagem às mulheres foi postada há exatamente um ano, no dia 09 de março de 2007. Como podem ver, eu me atraso um dia mas nunca esqueço delas.

4 comentários:

Zédu disse...

Corrigir vídeo dá muito trabalho. Os erros na legenda (O y que eu acho que Silvio Caldas não tinha no nome), e a digitação falhada no Montagem, ficam aqui retificadas até que minha disposição refaça o vídeo, poste-o novamente (coisa meio demoradinha). As mulheres me deixaram com pressa e deu no que deu.

Unknown disse...

Oi meu amigo quehomenagem mais lindinha . Emocionantemente linda. Você brilhou com este vídeo cheio de imagens que falam das diferentes mulheres. Tomara que seu desafio lançado aos homens por uma cumplicidade na homenagem se faça valer. Você foi salvo pelo gongo porque meu comentário será curto pois minha amiga acabou de chegar para nosso bom papo. Ela veio me visitar . Chique não é ? Vou apresentar o blog a ela que com certeza passará a ser mais uma das suas fieis leitoras...Ela é Cynthia , sendo assim quando aparecer por lá um comentário dela saiba que é gente nossa , gente boa...mulher que viu também a sua homenagem e gostou muito ...vamos ouvir novamente Silvio Caldas.

Zédu disse...

Video corrigido, missão cumprida.
Aliás estou curtindo muito essa coisa de me contar pelas músicas que foram marcantes em minha vida. Minha autobiografia não autorizada musical.As próximas já estão na agulha.

Anônimo disse...

Foi realmente uma bela homenagem !