quarta-feira, 16 de abril de 2008

Uma grande dama

Confesso que, no tocante à música popular, conheço, e acompanho, um pouco a MPB e o Jazz. Ambos os gêneros são plenos de cantoras, vozes belíssimas, maravilhosas intérpretes. E em ambas vamos encontrar um tipo de cantora que se enquadram em uma categoria especial: a grande dama. Ella era, Billie Holliday foi, Elis teria sido se não morresse tão jovem e se seu lado pimentinha não atrapalhasse um pouco a elegância necessária para ser assim classificada. O que faz uma cantora uma grande dama é coisa muito subjetiva, já que o título não existe oficialmente, mas meio que como um consenso respeitoso entre os admiradores da música e dos músicos. Na música brasileira, ao contrário do jazz, não temos muitas grandes damas, apesar de não faltarem belas cantoras, vozes originais, etc e tal. É claro que o conceito "grande dama" implica em um certo tempo de estrada, em um vinho bem envelhecido, em um estilo peculiar e, principalmente, um tipo de postura perante a música, o público e a fome da mídia. Não precisamos gostar das grandes damas, podemos preferir uma sobre todas as outras, ou até mesmo uma cantora "comum", mas não há quem não tenha, frente a uma grande dama, uma atitude de respeito e uma certa admiração reconhecida.
Não vou entrar na discussão das grandes damas da música brasileira. Vou apresentar uma que assim classifico, já que vivas só reconheço duas no momento atual. A que hoje aqui posto em reconhecimento é Maria Bethânia. A moça do Carcará construiu um caminho absolutamente próprio e elegante no cenário da MPB, coisa que jamais poderíamos imaginar quando veio para o Rio substituir Nara Leão em Opinião (aliás, pensando bem, não poderia haver duas personalidades, naquele momento, mais díspares do que Nara e Bethânia). Aliás, Nara e Bethânia me servem para uma outra distinção: Nara era uma Musa, Bethânia nunca foi musa de nada e decantou-se em Grande Dama com o passar dos anos (Nara teria, provavelmente, se tornado uma se também não tivesse morrido tão jovem).
Mas, como eu disse, essa coisa de grande dama é meio subjetiva e, talvez, uns poucos de vocês não concordem comigo. Mas garanto que a maioria me dará razão, independente do quanto gostam ou não do jeito Maria Bethânia de ser.
A faixa que escolhi aqui postar traz, além de uma bela e pouco conhecida peça musical, Bethânia comno acostumamos a vê-la desde Rosa dos Ventos. O show, que assisti no Tetro do TUCA em SP, foi absolutamente marcante no que nele havia de original. A coisa meio teatral, os poemas que se intercalavam às músicas, tudo de um enorme bom gosto. A postagem de hoje sai de outro show, Brasileirinho, com essa Bethânia madura que me faz reconhecê-la como uma de minhas grandes damas da canção brasileira.
Espero que gostem.

Nenhum comentário: