quinta-feira, 3 de abril de 2008

O maestro dos hormônios em polvorosa - ´ s Memories

O período do colegial, entre 1964 e 1966, foi, entre tantas outras coisas, o período dos bailinhos. Bailes de 15 anos das meninas, bailes de formatura e bailes da turminha do colégio (a minha está, em grande parte, na foto que fecha o vídeo). Tirando os bailes de formatura, aos quais comparecíamos de smoking (e cada um tinha o seu; nada de smoking alugado como é praxe nos dias de hoje) e dançávamos ao som de orquestras ao vivo, as demais festinhas eram todas alimentadas pela vitrola da dona da casa.
Eu, que até hoje só danço bem quando a parceira é grande dançarina, só fui ousar aprender a dançar para minha formatura do Ginásio, onde a valsa com a mãe (ainda éramos muito jovens para termos namoradinhas oficiais) era obrigatória. Meio que aprendi o básico da valsa, mas continuava um horror nos outros ritmos. Disfarçava tomando Cuba-Libre nas beiradas do salão com cara de quem não dançava porque não queria.
Mas as demais festinhas, sempre nas casas das meninas, onde as mães e tias podiam ficar de olho no bom comportamento daquela turminha, todos de famílias quase boas, o dançar tornou-se uma necessidade. Ainda mais que era a única oportunidade que tínhamos de sentir um corpo de mulher se encostando no nosso (discretamente, é claro). Aí descobrimos que Ray Conniff, com seu ritmo tão marcado e sempre igual, era moleza. Dois prá lá, um prá cá, e estávamos conversados. O problema da dança resolvido, corpos meio coladinhos, rostos se roçando, mãos entrelaçadas, a questão se tornava o que fazer com os hormônios que, em polvorosa, insistiam em nos colocar em situações embaraçosas, principalmente na frente das mães atentas e das tias mais ainda.
Voilá!, descobrimos a Dança do Chapéu. Um não dançante (homem), de posse do chapéu, escolhia a cabeça de um outro rapaz para colocar o dito. Com isso, tomava-lhe o par e saia a dançar com a moça. Objetivo engraçadinho, logo descobrimos uma outra utilidade, e essa muito mais fundamental, para o chapéu. Pois não eram raras as situações em que, naquele agarradinho com as moçoilas sérias, as coisas crescessem e as tendas se armassem (nesse tempo as coisas cresciam mesmo quando a gente não queria, bem diferente de hoje em que o querer muitas vezes já não basta; sorte que a gente aprende outras coisas pela vida). Ora, seja pela menina que podia se ofender com a coisa dura (coisa que raramente acontecia, afinal os hormônios enlouqueciam para a molecada toda), seja pelo perigo de ser ali mesmo castrado por uma tia mais rigorosa, era só fazer um discreto sinal para o amigo com o chapéu e tudo se resolvia. Assim que o dito cujo era colocado em nossa cabeça, imediatamente tirávamos ele de lá e o colocávamos na frente das partes baixas e saíamos de fininho para longe do olhar das Senhoras Guardiãs.
Na sala, Ray Conniff continuava tocando. Resolvida a questão hormonal no ar fresco do jardim, tínhamos que voltar logo com o chapéu pois sempre tinha um outro desesperado precisando do biombo.
Bons tempos!

Um comentário:

Unknown disse...

Gargalhando ao som de Ray Conniff e passando em revista nossas festinhas do porão do João, no DCE da UFMG , nós menininhas mas lá por conta de alguma amiga mais velha que nós....Situações como esta do chapéu, me fizeram lembrar o gesto dos menios que esticavam uma perna e dobravam o corpo para a frente balançando a mão....não sei se conseguem imaginar como é isto...mas era uma graça ...e a gente ia se arredando para tras quando as intumescências nos desagradavam ...rssssssssss como estou rido disto aqui, pois afinal ficar foi uma coisa de sempre só de de outras formas...grandes horas dançantes ...as das casas da gente então eram bárbaras...com canapés, um salgadinho de mortadela chamado sacanagem ....biscoitinho piraquê com pasta de sardinha ...era bárbaro....viva 64 de revoluções verdadeiras em nossas vidas e não de golpe como o que rolava na cena política.

adorei!!

beijo

Meire