segunda-feira, 7 de abril de 2008

As aparências enganam

As músicas que aqui coloco têm objetivos variados. Algumas são marcas de algum passado distante, sons que me remetem de volta ao menino/adolescente que um dia fui e fazem fundo musical para histórias que me acompanharam vida a dentro. Outras são têm sua importância nas pessoas que me lembram, como as árias, por exemplo, sempre de dedicação implícita à Gilza que não as escutará mais. Outras posto só porque gosto delas ou porque tenho que fazer o blog andar, e não tem maneira mais bonita de "encher linguiça" do que dividir com vocês uma música bela. O blog se perfuma e se colore com elas.
Outras músicas são recados, homenagens, confissões, intenções, que só os destinatários são, supostamente, capazes de entender. Mas como as músicas são belas antes de mais nada, fica o recado, que nem sempre sei se foi recebido e entendido, para quem a música se propunha uma minha fala, mas fica, para todos os outros que aqui aportam, uma outra bela peça. Não costumo mandar recados feios; eles são, no mais das vezes, meio tristes como ando descobrindo ser no fundo de mim mesmo.
A música que hoje posto, gravada pela primeira vez no LP Elis,Essa Mulher, um dos melhores na vasta discografia de Elis, nem eu mesmo sei a que se endereça. Sei somente que a música sempre me emocionou, que a interpretação de Elis é maravilhosa, que a música diz tanta coisa vinda do fundo das almas de qualquer um que já amou, foi amado e desamou, ou foi desamado, que a coloco aqui sem nem bem saber, mas meio que sabendo, com que intenções.
E, como bem pode ser, foi só a maneira de recolocar o blog andando depois de alguns dias de pausa, no de acordo com esse dia cinzento e tristonho que faz aqui por Campinas. E lembro, com a música, que as aparências enganam. Portanto, não se precipitem.
Mas as intenções não interessam, pois a música vale as penas.
Bom estar de volta!

4 comentários:

Anônimo disse...

"Os corações cortam lenha e, depois,
se preparam pra outro inverno
Mas o verão que os unira, ainda,
vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira, na
reticente primavera
No insistente perfume de alguma
coisa chamada amor."
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É... realmente as aparências enganam.

p.s. fiz de tudo para que a marca dos
3000 fosse minha, mas o contador
não quis me ajudar... queria,
com esse feito, ser merecedora
de um beijo sem band-aid.

Anônimo disse...

Como acho que fui o tal do 3000, um dia ainda vou cobrar esse tal de beijo sem band-aid, apesar de não conseguir imaginar o que seria um beijo com band-aid.
Beijos virtuais,

Zédu disse...

As Aparências Enganam
Elis Regina

Composição: Sérgio Natureza/Tunai

As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague
se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são
O alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões
Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele
Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor
As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões
Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno
Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera
No insistente perfume de alguma coisa chamada amor.

Anônimo disse...

Ei Zédu,

Pode parecer um tanto deselegante o que direi, mas esta música que sempre nos toca, desta vez me tocou de modo diferente.

É que ando pensando que meus sonhos vividos de conviver,bateram-se em retirada e com isto aprendi que as aparências não enganam mais. A gente vai aprendendo a segurar o coração e a impedir que ele faça feio .
Ah como tenho descoberto que levantar e preparar um chá, ler, assistir bons filmes, visitar exposições, comprar vestido novo ou um pedaço de torta alemã pode ser melhor que se enganar pelas aparências.

Então e assim, as aparências não me enganam mais e as intenções são outras que vêm e que passam para que a vida continue.
Vida qual, sei ser esta a pergunta. Mas é bom deixar para lá. afinal cobertor é lugar do aconchego e não do choro.

Esta música que antes me levava às situações vividas do mal de amor e ódio, agora, como as aparências não me enganam mais, me levam a concordar inteiramente com você que esta música, bela como é, hoje e sempre valerá as penas.

Bom que esteja de volta e feliz.

Meire