sexta-feira, 11 de abril de 2008

Pequenas coragens

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
essa intimidade perfeita com o silêncio.

(...)

Resta essa imobilidade
essa economia de gestos
essa inércia cada vez maior diante do infinito

(...)

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante


E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

(...)

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.
O Haver / Vinícius de Moraes

3 comentários:

Anônimo disse...

Há beleza demais nesse blog.
É tudo verdadeiramente grande e belo.
Parabéns!
Lais

Zédu disse...

Lais, minha desconhecida já quase predileta,
Teus comentários, tão despidos de qualquer outra coisa com o autor do blog, que não conheces fora dele, me são muito valiosos.
Seja muito bem vinda e comente, sempre, muito. Vivo um pouco disso.
um abraço,

Anônimo disse...

Olá,
Não faço nada além do prazer de voltar a esse espaço na certeza de encontrar coisas belas.
Lais