quinta-feira, 26 de junho de 2008

Seis por meia dúzia, de quatro. Me repetindo

Bacon,
Das coisas que vão e vem
Nada volta como antes.
O novo de novo é além
O mesmo, diferente o bastante.
.
Das marés somos litoral
Contornos no eterno erodidos
Beijados de várias maneiras
Acumulados grãos de sal
Desfeitos traços lambidos
Novos desenhos de beira.
.
Pois a onda que vem não deita
E são outras as ondas de sempre
O mesmo é espuma desfeita
No igual do tudo diferente.
.
Nada se repete sem revolução
Tudo que repassa é outro
O retorno se veste de novo
No avesso da repetição
E dura, para sempre, um pouco
Germina e se desfaz em ovo.
.
O amor não se repete no dito
Mesmo quando repetem amantes
Não há eterno, nem infinito
O sempre é só um instante.
.
O instante é só uma bolha
Que voa no qualquer do vento
Redonda, brilhante e fina
Estoura na mão que a colha
Ou some no movimento
Em instantes de outras sinas.
.
Por isso, meu caro leitor
Ao tempo permaneça atento
Pois nada, nem mesmo o amor
Se repete sem falecimento
.
E d´Isso faço minha crença
Meu gozar, meu sofrimento
E invento para não repetir
Tecendo com a diferença
Que, apesar de todo tormento
Nos move e nos faz insistir.
.
Hoje existo porque sou outro
E vivo me ressuscitando
Se não morro, fico louco
Se não mudo, termino acabando.
.
Com Isso, digo e repito
Cavando minhas próprias verdades
Que as coisas que vão sem volta
Só retornam em nossos benditos
Quando no andar das vontades
O desejo lhes faz escolta.

Um comentário:

Zédu disse...

Poema já publicado em um antes qualquer do blog. Mas, como digo,nada se repete e tudo é tudo de novo.