sábado, 7 de junho de 2008

Santa Gula

Adoro sax. Sejam os de veludo, como costumavam ser os mais antigos no jazz, sejam os meio rascantes como o sax se tornou depois do bebop.
E adoro vários saxofonistas. Uma lista imensa deles, tantos que não conseguiria nomear todos por aqui. Em postagem mais antiga, me lembro de já ter colocado um Sonny Rollins atacando, de corpo e alma, um Body and Soul de arrepiar até quem não é muito chegado. Adoro Ben Webster, Coleman Hawkin, sopradores de ventos aveludados cheias de notas de aquecer, e embalar, corações.
Confesso que Ornette Coleman me assusta um pouco o gosto meio modernamente antigo que tenho. Mas até mesmo dele, que levou o free jazz às suas últimas, e mortais, consequências, consigo achar uma ou outra gravação onde o sax se impõe e me deixo levar.
Mas meu sax de predileção sempre foi Coltrane, principalmente o terno, o de gentle side, ou o do CD com Johnny Hartman, coisa primorosa sobre um encontro de voz e sax. Mas gosto de tudo de Coltrane, até do que não gosto muito.
De uma maneira difícil de explicar, ele me atiça uma santa gula. Se fosse planejar um jantar romântico, em um lugar meio assim feito para isso, seria Coltrane que colocaria tocando ao fundo, suavemente, perfumando o romance que ali deveria se iniciar. Garanto que romances assim iniciados têm muitas chances de brotar violentos, engasgar gargantas, viciar um no outro, numa vontade de esticar o instante até o não se acabar. Coltrane é um bruxo!
Difícil escolher uma entre todas as belas faixas que tenho com ele. Resolveu a questão meu tocador MP3 ontem, lá no bar do Frango, ao escolher aleatoriamente essa faixa, que aqui postarei, em um momento que pensava romances, damas e musas. Em minha Santa Gula, Coltrane sempre tocará ao fundo.
John Coltrane, Tita do jazz.
Enjoy it!

3 comentários:

Anônimo disse...

Tudo verdade. Lindo!
leila

Anônimo disse...

Erro de digitação. No final do texto, acho que você queria dizwer Titã, não é mesmo? Pois Coltrane é, um Titã do jazz.

Unknown disse...

Hummmmmmmmmmm nada mais a dizer...só ouvir , ouvir e ouvir enquanto já entrando em estado de "dogunda"preparo o dia de amanhã ..segundona braba de tanta desfaçatez a enfrentar.

Ouvindo este Jazz tento prolongar o dia lindo em Casa Branca vendo montanhas ...
Beijo