quinta-feira, 19 de junho de 2008

Apesar de tudo, um dia há de passar.



Foto: Augusto Ramasco

Eu já postei o Hino da Anistia, no bêbado que se equibrava na música primorosa de João Bosco e Aldir Blanc, que Elis tornou emocionante e inesquecível.
Mas, outro dia, numa conversa mole com Ramasco, olhei para a foto que abre esta postagem e me lembrei. Havia que falar de um certo outro hino, uma coisa da resistência tímida que fazíamos enquanto a coisa burra ainda vigorava. Daí essa postagem, essa recordação,  esse drible inteligente na censura burra, nos militares burros, na ditadura estúpida. Daí esse canto que nos permitia cantar e que dura até hoje, quando a estupidez passou mas não passam nossas lembranças nem nossos desapontamentos.
Nunca mais! Mesmo sabendo que, como tudo, a estupidez tende a retornar, a liberação a não se cumprir, os nossos desejos restarem só nossos, para sempre desejos de coisas que, sonhamos, um dia haverão de passar. Mesmo, escolados, tendo aprendido que tudo passa e nada passa, que as coisas mudam para permanecerem as mesmas. Il Gattopardo, nos lembra Lampedusa e Visconti!
Mas, em homenagem a um tempo em que sonhávamos juntos, e cantávamos, resistentementes alegres em mesas de bar, essa música aqui encontra, atrasada, seu devido lugar.


2 comentários:

Unknown disse...

Nem diga da coisa burra que ela anda ainda nas bocas, nos becos e retorna em lugares, situações e práticas travestidas de movimentos da democracia.

Mas eu é que não vou fazer deste, um espaço para o elogio dela a dita dura...Isto faria se ficasse aqui ouvindo Chico e lamuriando. Apesar dela mesmo ou bem ao contráro disto, porque ouço este bonitinho, leio este outro/você e penso nos meus leões de hoje, esta música é puro vivas ou hino dos que cantam e sempre cantarão assim em toda e qualquer circunstância: você me prende vivo e eu escapo morto.

Um beijo

Meire

Maritza disse...

Promessa é dívida, cá estou outra vez e lhe digo que lindo vc assim homenagear o amigo/irmão. É linda a amizade de vcs que a cada dia mais admiro e compreendo. beijo grande para os dois, Maritza