quinta-feira, 26 de junho de 2008

Minha mãe, Dona Nise

Da mãe a gente nunca tem muito o que quer falar, a não ser para o nosso analista.
Ou, da mãe teríamos tanto a falar que esgotaríamos a paciência do ouvinte em uma história interminável por definição. A mãe, que vem lá da Mãe que um dia nos fez dela sujeitos até que nos libertasse com outro nome, é sempre um mistério, um resto inarredável de Real que nos contingencia.
A minha, Dona Nise, faria hoje 83 anos. E daqui a exatos 31 dias do mês passante, fará 4 anos que morreu. Tinha que falar dela, já que a percebo mais presente do que nunca. E olha que levei uma vida quase toda para poder supô-la presente.
Daí que procurei música para falar dela, sem muito ter de falar. Me lembrei de quando falei de meu pai por aqui e foi tão fácil falar dele num pai que todos reconheceriam. Buscava algo da mesma ordem para minha mãe. Aí me dei conta que a mãe é só minha, a de meus irmãos é outra, outra ainda de todos que a conheceram. Mãe é sempre não toda, onde o resto que dela escapa é o que a faz nossa e única.
Mas, precisava de uma música que falasse de minha mãe. Uma, a que mais se grudava à uma lembrança real, eu já havia colocado no blog (Love is a many splendored thing). Essa era a que mais me lembrava a mãe-minha-namorada-minha-mãe. Mas já havia, à música, usado, no dia em que lembrei  que, de mãos dadas com o meu menino, esperamos na fila do cinema para assistir Suplício de Uma Saudade. 
Daí lembrei de outra que não sei porque sempre me lembra ela (papo para um divã desconfortável). Mais exatamente, lembrava da música com Nat King Cole, de quem sei que ela sempre gostou. Já a música, seja lá com quem for, sempre fala dela para esse filho dela.
E posto aqui a música, para sempre ela, já que filho é sempre fascinado pela mãe.
A benção, minha mãe. Tua é toda a minha dor, tuas são todas as minhas formas de amor.



PS: Desculpa, mãe, mas não consegui separá-la de papai.

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