E
"...lembrando Custódio Mesquita e Mario Lago, poderíamos cantarolar : "Nada além / nada além
de uma ilusão /...", ao que a platéia em uníssono poderia pontuar: IN-VENTA."
Aí organizaram uma Ciranda, que eles tinham mania de colocar nomes engraçadinhos nos colóquios, encontros, seminários, ´ssas coisas da extensão da Coisa e da cobrança da produção. A Ciranda era uma cirandinha, coisa para iniciantes apaixonados como eu. Me meti, já que metido sempre fui e a Psicanálise agora me autorizava.
Aí escrevi um trabalho, minha primeira produção para a nova musa. Coisa sobre o espelho lacaniano que denominei Ali se dá maravilhas, começando uma coisa de brincar com as palavras que a peste psicanalítica havia liberado em mim.
Auditório enorme, lotado, eu entrava logo depois do almoço, coisa que minha experiência de professor já havia ensinado ser o pior horário. Barrigas almoçadas, sonolência, o logo depois do almoço exige piruetas mortais, começão de fogo e outras artes e manhas para manter a platéia.
No fim, tudo se resolveu quando Nina chegou, com Bruno e Pedro, minhas então duas crianças. Sentadinhos na primeira fila que Nina não sei como cavou, o rosto orgulhoso de quem muito espera do pai no palco me iluminou. Claro que o trabalho era bom, que eu era meio diferente do resto da turma (engenheiro, fazedor de gerentes, bicho meio raro naquele grupo) o que me permitiu uma visão mais brincalhona com a Coisa. Mas o fato é que foram aquelas duas carinhas de espectative e orgulho que me salvaram dos nervosismos e inseguranças. Falei para eles. E só deles escutei as palmas que todo o auditório batia ao final. Nunca esqueci os rostinhos, a alegria que neles vi, o orgulho. Acho que poucas outras vezes fui um pai tão orgulhoso e comovido. Até hoje aqueles rostos me emocionam.
Tudo isso para dizer que o trabalho finalizava com os versos da música que aqui posto. E tudo isso para dizer, que amo meus filhos e que hoje sou eu que me orgulho deles. São, Bruno e Pedro, minhas melhores ilusões.
16 de junho de 2008, dia dos 26 anos de meu filho Pedro
4 comentários:
Zedu, como ainda não sei postar um comentário (sempre me pedem coisas que não tenho ou não sei) envio essa msg pra dizer o quanto é legal que vc se orgulhe de Bruno e Pedro e se lembre daquele olhar deles, tão cheio de amor e expectativa. Confesso que me sinto muito feliz por tê-los levado lá e que isso tenha podido acontecer. A vida só é feita mesmo de alguns gestos, sejam eles felizes ou não. Sei que para os pais os filhos são sempre menores, mas hoje o Pedro faz 26 anos, um a mais do que vc postou. Abç e comemorações. Nina
O ato falho de fazer meu filho Pedro um ano mais jovem, que a mãe prontamente me corrijiu, já foi devidamente retificado na postagem, Ou seja, no que diz respeito ao Pedro, ganhei um ano a mais de amor e orgulho.
Luck me!
Beijos na Nina, que sempre levou meus filhos, algumas vezes para me ver, outras para poupá-los disso.
E, como alguém me contou ainda a pouco, o aniversário dos filhos é dia de dar presente às mães.
Que seja essa postagem também um presente reconhecido à nina, mãe dos meus filhos, fiel guardiã do algum pai que eles têm.
Já em muitas outras ocasiões faltei à Nina o devido reconhecimento. Aqui, filhos e Psicanálise se juntam num até que enfim.
Um beijo para Nina
emocionei.
Eu também fiquei pequenininha, emocionada, lendo esta troca de carinho de vocês - pais dos filhos amados. E o melhor de tudo é saber da base de sinceridade do que dissram. Sendo assim, alegro-me com as possibilidades de salvamento de nossa humanidade de toda a brutalidade do mundo, ainda que por um instante, que neste caso não é. O amor de vocês está enraizado.
Beijo para Pedro pelo aniversário e também para Bruno pela vida. Para a Nina por sua presença em hora mais que certa de modo muito bonito. Para o Zédu que buscou esta lembrança profundamente afetiva e particular dos quatro, partilhando-a conosco.
Meire
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