sexta-feira, 13 de junho de 2008

The Devil´s Trumpeter

foto: Anton Corbijn
Que Miles Davis é um demônio quando sopra seu trumpete, ou um anjo que também pode ser, ninguém que o conheça haverá de negar. Picasso do Jazz, Rei do Cool, Príncipe das Trevas, Mago da Escuridão, Camaleão do Jazz, esses títulos pomposos, uns entre vários que ele teve ao longo de sua trajetória de quase cinco décadas, nos permitem uma pálida idéia sobre esse música que quase nunca acordava o mesmo. Mas, se conhece jazz, você sabe quem é simplesmente Miles, mesmo que dele não goste ou, o que é mais comum, que não concorde com os caminhos que esse ser inquieto foi tomando ao longo de seu tempo. Mas o Miles aqui entra como desculpa para boa música, algumas lembranças e um pouco de história do jazz.
É interessante notar que, do seu nascimento, passando por todas as grandes inflexões que sofreu pelo caminho, a curva do jazz, de New Orleans até o Jazz Fusion, sempre foi determinada por um trumpete. Primeiro o trumpete de Louis Armstrong, verdadeiro marco de nascimento do jazz moderno. Depois outros tantos como Dizzie Gillespie no movimento be-bop e Miles, no hard jazz, no cool jazz, etc. Mas sempre era um trompete que liderava a cena, acompanhado ou não de um sax, como foi o de Charlie Parker na companhia de Gillespie, Coltrane com o próprio Miles.
Interessante notar que, em um gênero tão cheio de fantásticos músicos em todos os instrumentos, pianistas de categoria incontestável, foram os sopradores de sons, de vidro como no trumpete, de vinho como no sax, que foram marcando as mudanças na cena onde o jazz nunca parou de se desenvolver.
Voltando a Miles, podemos dizer que só não esteve à frente do free jazz, época em que deu um aparente passo atrás. Mas, quem se lembra do Concerto de Aranjuez, em Sketches of Spain, não chamaria de passo atrás a tentativa de Miles juntar o jazz e o erudito. Concerto de Aranjuez, com Miles, foi a primeira peça de sopro a me emocionar, na minha, então, incipiente aprendizagem musical. 
Mais tarde, Miles comanda as tentativas de fusão com o rock, com o funk, o R&B ou o rap. É nesta época que que Miles desagrada puristas, outros músicos, críticos e até antigos fãs. Mas, The Devil´s Trumpeter seguiu o seu desejo e pagou seu preço. O Diabo tocava trumpete
A música aqui escolhida pode ser dita dos inícios do cool jazz, gravada em 1952.  Escolha minha, há um monte de Miles esperando quem gosta pelos cantos da Internet. Porque o verdadeiro nome dele sempre foi Legião. Fiquem com esse meu, busquem o de vocês.
Enjoy it!

2 comentários:

Leila disse...

Realmente, eternamente delicioso de ouvir. Toquei ontem enquanto trabalhava e todo mundo que ouviu elogiou.
Aproveitei pra mostrar o blog do meu cunhado que se apresenta um poeta com tantas surpresas belas. Mais visitas daqui, creio eu.
bj
Leila

Anônimo disse...

Ótima postagem.

Miles Davis, marivolhoso, inarrável.

Jazz, para sempre.