Com esta voz por mim calada
As palavras já não me pensam,
Nem curam as minhas feridas.
Os meus sonhos já não inventam
E as penas restam esquecidas.
Sem elas sou um quase nada
Perdido em um enorme deserto
Num vasto mar de calmaria
Onde já não sopram os versos
Nem chove mais a poesia.
E nessas pautas abandonadas
Não invento meus novos moinhos
Nem luto contra os mesmos gigantes.
Mudo, não descubro os caminhos
E toda estrada se faz distante.
E sigo, fantasma encarnado,
Morto-vivo, carne cansada,
Sem alma que me assopre vida
Em minhas letras desconectadas
Das minhas palavras perdidas.
E no meio desta feita jornada
Me cubro com os sons do silêncio.
Me encolho, resto comigo
E ecoo meus pensamentos
No oco dos meus ouvidos.
Deste fado não há escapada
Pois se a palavra é do Outro
Como o céu é do condor,
Sem elas o tudo é muito pouco,
Sem elas, só o buraco e a dor.
E em minha face marcada
Sorrio meus dentes de chumbo
Choro mil lágrimas de lava.
Coração a parte do mundo
No inverno dos sem palavras.
Para a que muda.
Barão, 08 de agosto de 2008
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