segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Corsários, piratas e bucaneiros

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A Internet nos fez a todos piratas, graças a Deus! Roubamos, sem nenhum remorso, vídeos, palavras, músicas, filmes, como se as ondas da Internet fossem calmas, e sem lei, como já o foram as transparentes águas do Caribe dos corsários dos bons tempos das pilhagens oficiais que eram pilhadas pelos bucaneiros particulares. Como antes, pilhamos riquezas e belezuras, coisas que tornamos nossas como se nossas sempre tivessem sido, sem culpa ou remorso, na certeza de que as coisas intelectuais são pássaros que voam na criação e, a partir daí, são das mãos que as (a)colherem. Este vídeo, por exemplo, roubei lá no YouTube, coloquei as legendas que não haviam e, como me pediu a suposta Célia, tento agora compor um "texto bacana", coisa que não posso roubar em lugar algum, a não ser desse tesouro pirata que fui guardando nos escondidinhos de minha cabeça pelos últimos 60 anos.
Mas o pedido, inusitado nesse blog que tropeça em sua falta de foco, e que se justifica nas carambolas que lhes dominam nome e intenções, fala de uma outra pirataria: a dos nomes, se não surrupiados, inventados no vai da valsa, no sobe e desce das marés que nos navegam a vida e os amores, na falta de compromisso com o assinar-se, no faz de conta que sou "Lia Regina" (nome improvável para um tal uso orgulhoso), até mesmo o da querida Célia, que me pede, depois me agradece dicas que não sei para que Célias dei, me deseja bons dias sem que dela só se ofereçam as mensagens cifradas, as pistas molhadas, a covardia envergonhada. Seria essa outra forma de pirataria? Ou seriam almas corsárias, malandras como me garante Houaiss na significação da coisa, dissimuladas, de intenções bucaneiras que o semi anonimato lhes permite? Envergonhadas senhorinhas, incapazes de aceitar a vida como ela é, noivas de Nelson Rodrigues sem coragem da vergonha publicada?
Talvez contem com minha curiosidade, com minha paixão pelas coisas de detetives, pela minha lógica engenheira a juntar qualquer lé com um cré qualquer, e disso tirar conclusões de nomes que não se ousam, que escapam na possibilidade da negação, seja qual for o raciocínio que os desvela. Ou seja, são e não são, covademente escondidos nas minúsculas baías que o mar internético proporciona, nomes improváveis, corsários do Houaiss cheio de intenções do tamanho de suas almas pequenas. Não valem a pena, as penas, nem as melenas de meu Sansão de cãs cansadas.
Pois, se ser blogueiro é ter de conviver com o anonimato, é difícil suportar o semi-anônimo, aquele que nos deixa comentários pessoais, insinua amores e suspiros, e foge para as sombras, nos deixando com as possibilidades, sempre poucas, dos que nos dedos contamos (a maioria descartada por não covardia pressuposta). Cansam esses comentários, as Lias que nem justificam que Edu as cante (mas um dia, só pela música, ainda aqui elogio essa outra Lia, da ilha que o Lobo cantou), até mesmo a Célia que originou essa postagem, que me agradece dicas e me deseja domingos, e, provavelmente se cobrada por um "Foi você?", recuaria indignada nas sombras da bandeira das tíbias cruzadas.
No entanto, o pedido me lembrou a música, coisa linda dos tempos que J.Bosco ainda parceirava com A.Blanc, e que Elis os paparicava com carinhos de madrinha. O mesmo Corsário que Zizi, elegância que sempre me surpreendeu até que eu percebesse que o bobo era eu, ela era elegante e ponto, cantasse sem nada a dever à madrinha dos parceiros geniais. De uma dica da suposta Célia, que queria a coisa corsária com a Zizi (e "texto bacana" que depois aspeamos, eu e "ela", sempre cheia de aspas e insinuações), acabei descobrindo essa linda montagem das duas grandes cantoras, coisa que pirateei do YouTube, coloquei legendas e fiz um vídeo piratamente meu.
Pirata, eu? Claro que sim. Mas de nome próprio. A minha bandeira leva minha caveira e as tíbias de um Pipoca encarnado, tonto orgulhoso desse já meio longo caminhar, apesar das Lias, rainhas ou não, das Célias e seus abraços, de todo o povo que aqui se esconde, na maioria tolinhos de covardias pequenas, máscaras transparentes que denúncia alguma alcança. Que venham à luz, icem suas bandeiras, apresentem-se. Ou calem-se para sempre, até que o blog nos separe.
De qualquer forma, pedido que me fez vazar indignações blogueiras, a música é linda, Zizi é ótima, Elis canta cada vez melhor, e João Bosco e Aldir Blanc deveriam ter permanecido casados forever. Ou será que João entra no site de Aldir, ou vice versa, e se assina, amorosamente, Alfredo? Ou Alcides? E deixa, pensando-se muito esperto, um Dois prá lá, Dois prá cá, só para chatear o antigo companheiro? Quer dançar? Arrisque a "tábua", como dizíamos nos tempos de meus antigamente.
Querida Célia/Lia/whatever, ficou bacana o texto?
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5 comentários:

Folhetim disse...

O texto ficou excelente! Já esperava que o fosse mas você sempre surpreende.

Comentários anônimos ou com nomes falsos é o mesmo que levar um soco nas costas, olhar para trás e não avistar ninguém.

Quando se tratam de palavras dóceis não há, então, razão nenhuma para esconder-se. Ou há?

Beijo,

Zédu disse...

Corsário, no Houaiss:
n substantivo masculino
1 Rubrica: termo de marinha.
navio que faz o 1corso
1.1 Derivação: por metonímia. Rubrica: termo de marinha.
comandante de tal navio
2 Derivação: por extensão de sentido (da acp. 1).
navio que promove pirataria
3 Derivação: por metonímia.
m.q. pirata ('aventureiro')
4 Uso: informal.
indivíduo cheio de artimanhas; brejeiro, malandro
5 Regionalismo: Açores.
pessoa inescrupulosa; canalha, patife
n adjetivo
6 referente a 1corso
7 Derivação: por metonímia. Rubrica: vestuário.
que se estende em comprimento até o meio da perna (diz-se de calça ['peça única'], ger. justa e us. por mulheres)

Anônimo disse...

Boa noite. Fiquei sem acesso a internet hoje e só agora li seu texto.
Por um lado, está bem escrito, com certeza. Por outro, não atendeu ao meu pedido.
Parece que te serviu para discutir questões outras, de seus embates pessoais com anônimos, anônimas ou pseudônimos.
Para que fique tudo às claras, meu nome é Célia. Gosto muito de literatura, poesia e tenho uma curiosidade em descobrir, no infinito mundo virtual, espaços onde alguns bem dotados intelectualmente (e esteticamente) colocam criações próprias. "Caço" vez ou outra, pelos provedores, blogs com esse fim. Raro encontrar talentos anônimos. E você encontrei há pouco. Por acaso. Naveguei e gostei do que vi. Achei bacana essa parte em que você faz uma espécie de revista eletrônica de textos casados com músicas. Falam algo a mais que os acordes dizem. Então, fiz o pedido, justamente pelo que vi nas recentes postagens texto-musicais. Lamento se suscitei qualquer desconforto. Não era a minha intenção. Apenas quis desafiá-lo. Como já disse, o texto está perfeito, aliás, como a maioria do que li neste teu blog de idéias e sentimentos. Mas não imaginava que meu pedido seria transformado em guerra de piratas, corsários e algo mais. Que seja, enfim, feita a paz. Abraço e boa noite. Célia (em carne e osso)

Zédu disse...

Cara Célia,
Desculpe-me a confusão em que te meti indevidamente. Mas, como eu pedia na postagem, eis que você se apresentou e, agora, resto eu como minhas dívidas com você.
A dívida nova, esse confundir Célia com outras "anônimas " de comentários demasiadamente pessoais, só posso tentar pagar com este meu sincero pedido de desculpa e com o acolhimento de suas explicações.
Quanto à outra dívida, a da postagem de um casamento música/texto, só posso tentar saldá-loa me oferecendo para atender teu pedido com qualquer outra música que você me sugira. Sinta-se a vontade de pedir de novo que, juro, desta vez farei como encomendado (lembrando que meu estoque de músicas pode não ter a que você quer, ou seja, se possível mande sugestão com link para "caçar" a música. O vídeo me encarrego.
E, aceitando a sugestão, faça-se a paz, pelo menos entre nós dois, Espero tê-la por aqui mais vezes, receber mais sugestões e comentários. E obrigado pelas palavras elogiosas de teu comentário.
Abraços,

Zédu

PS. Andei meio fora do ar esses dias. Por isso a demora em responder teu comentário.

Anônimo disse...

Olá, Zédu. Desculpas aceitas. Detesto guerras vãs. Não sou só da paz, mas saiu dela apenas qdo extremamente necessário. Então, que a bandeira branca permaneça hasteada!
Obrigada pela oportunidade de refazer meu pedido com nova música. Como não acho q seja um "concurso" nem algo assim, banal, preciso de tempo para pensar e escolher algo que, em primeiro lugar, tenha significado especfial pra mim e, em segundo, condiza com a qualidade de seus textos, sempre muito bem elaborados. Logo dou notícias.
E espero q sua saída do ar seja por motivos de falha tecnológica e não questões reais, daquelas que nos levam para longe de coisas prazerosas - problemas, infelizmente, têm esse poder. De qq forma, espero q vc volte inteiro, já q faz tempo q não posta novo texto.
Ótima semana!
Célia