domingo, 5 de agosto de 2007

O fado, as marcas, o dobrar dos sinos e o que será.

Ecos do dia anterior

Pelos dedos novamente entrelaçados,
no sumo dos lábios mais uma vez colados,
o tempo escorreu em fados
e os corpos restaram cansados.

O tempo ex-corrido deixou marcas,
criou realidades, possibilidades parcas.
Fechou baús, trancou arcas,
matou futuros, incrustou cracas.

Restaram ambos se querendo meninos,
na cauda do rio, no dobrar dos sinos,
numa busca inútil, no fim dos destinos,
de um tempo perdido, feito assassino.

E foram tantas lágrimas roladas,
ilusões, sonhos, ternuras inacabadas,
que um quem sabe surgiu do nada,
e de uma réstia pouca fez-se uma fada.

E viveram na espera de um que virá,
as mãos sempre dadas, até acabar.
Os beijos ávidos tentando sugar
o que não era mais, nem nunca será.

Bar do Frango, 5 de agosto, mês de desgosto, de 2007

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