quarta-feira, 20 de junho de 2007

Pretérito Presente

Era uma vez uma menina,
pérola assim meio escondida,
fechada em concha, cumprindo sina,
vivia no escuro, meio sem vida.
.
Poeira de sua própria ostra,
doente de passadas mágoas,
sorria falsa, mulher à mostra,
trancada em si, imersa em águas.
.
Um dia um menino a colhe,
ostra trancada, proibida jóia.
E nele, dela, ele escolhe.
.
Apanha a pérola, devolve a ostra,
que, então, sem ela, nas ondas bóia.
Nele a menina, ao mar a crosta.
.
Pérola a mostra, menino amante.
Mulher exposta, homem o bastante.
.
EE assim supino, meio que de repente,
viraram meninos, e foram para sempre.

Pretérito presente!

.

2 comentários:

Anônimo disse...

Menino querido que me encanta e seduz com versos de embalar querer. Para mim você é o pretérito futuro do verbo amar.

O que mais dizer diante dessa lindura de poesia? Ai de mim que vivo de catar versos na réstia de luz dos vagalumes!

"Someday he'll come along
The man I love
And he'll be big and strong
The man I love
And when he comes my way
I'll do my best to make him stay."

Love you forever.

Unknown disse...

Linda por fazer pensar, a sua poesia tem a beleza dos fogos que agora vejo ao longe sobre o contorno da serra. Há nela um espocar de versos como se fogos fossem abrindo-se nas multi-flores que aqui cobrem o céu e lá as crostas de gine/céus.

Se aqui é festa, me deixo ir na luz dos fogos por pretéritas ostras com suas pérolas colhidas por meninos passados a homens e mulheres bastante.

Do menino amante à minha lembrança de mulher bastante, como tudo ecoa já distante...
Onde a ostra, o menino com a pérola ao homem-amante? Pretérito mais que imperfeito não há de ser o bastante.

beijos...(sorrindo)