domingo, 17 de junho de 2007

Cabeceira



Confesso, e por isso peco!
No teu mistério, sou sem critério,
No teu não todo, sou mais um bobo.
Pela vida a fora, encontrar agora
O que lá resta, já não me é festa
Na fechadura, em cinemascope,
Espio candura, fujo pro chopp.
Te olhar me salga, mulher de Lot,
Espumas, algas, um Lancelot
Escrevo aflito, escravo dito
Busco palavra e o fim da lavra.
Fico com o fundo e o fim do mundo,
O espanto mudo e o criado tudo

Um comentário:

Unknown disse...

Só a mulher de Lot ao olhar para trás, pelo que se diz dela, tornou-se estátua de sal. A minha inspiração veio de um achado poético de J.T.Parreira. Brinc com os seus versos entrando neles como se meus fossem e teço um comentário , tomando como fio o que ele diz dizerem da Mulher de Lot. Preciso dela para o contraponto final. Pelo dizem qque dizem olhou para trás pela única esperança que Deus pudesse ter mudado a sua mão dissipando o fogo na órbita do sol; ou que o enxofre fosse levado até à orla marítima do vento; ou que a flor azul não relutasse mais contra o fio dos seus cabelos? Inexperiência ou curuiosidade causadas pelo primeiro relâmpago a riscar a noite e a dissipar a dúvida.

Há um outro verso possível no universo feminino e ela teria olhado para trás versos ainda:
- dizem que olhou para trás por um vestido que ficara sobre a cama de um modo leviano..e o que seria um vestido de modo leviano sobre a cama dela.
Dizem...dizem...dizem...

Por fim ele é mais poeta ao afirmar: dizem ter sido o coração que olhou para trás, órgão imprevisto e cego, que anda sempre em busca de si próprio.

Nenhuma Mulher salgaria a quem queira para a troca de olhar pelo coração. A quem se abra para instantes de perigo estilhaçadores de possibilidades e não petrificadores do salgar o outro. Viva, a mulher aguarda sem mistérios. É Guinevere à espera de Lancelot para o amor confesso sem pecado. Crescente esse amor será maior que qualquer desafio.

Grande abraço
Meire
(J.T.Parreira)