domingo, 24 de junho de 2007

21.442 olhares (proverso versosa em tons de rosa)


Passei uma tarde Manoel de Barros na praça logo ali depois do mundo. Nem vegetal, nem mineral, natural como se esforça ser um olhar meio ofuscado por tantas palavras já lavradas. Soube restos de outono, pisei em folhas secas, colori o olho de meu olhar com um sol cumprindo sina de desaparecer, sujei a bunda de barro ainda cheirando Manoel, aventei-me bem devagar. Pipoca, Fred, pipas, crianças ainda agentes, quase passarinho algum, outras tantas poucas formigas, trilhas minúsculas na grama, aragem de Dia de Santo Antonio, ipê roxo cor de violeta, luz na tangente da bola do mundo. Não fosse por uma ou outra mãe triste cumprindo obrigação, era um quase sem gente que não fosse eu (os corredores vespertinos corriam do meu olhar e não se fixavam, e eram como a cor do vento que não ventava só por querer não ventar). Quase levantei vôo das asas e me encoisei com as pipas e seus rabichos. Me atravessando o prisma, todas as cores. Amarelei em tons do outono que acabou. Fui! Mas já voltei, com o vento que resolveu ventar inventos e uma friagem de inverno recém-nascido.
Bar do Véio, 24 de junho de 2007

4 comentários:

Zédu disse...

150 anos de indulgência para quem advinhar o 21.442.

Unknown disse...

21.442 hab ou a população de Barão Geraldo que inclusive poderá se emancipar....heim!!!

...Mas que deu uma saudade da praça ...de tudo, tudo....ahhhh
beijo
meire

Zédu disse...

Meire Eloisa errou feio. 21.442, quem se habilita?

Anônimo disse...

Bonito esse quase desdobramento.
Poético é teu melhor momento.

Neuza.