quarta-feira, 27 de junho de 2007

A cara dela


O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.

Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

Alberto Caeiro




5 comentários:

Anônimo disse...

"A cara dele"

"...entre escadas que fogem dos pés
e relógios que andam para trás,
se eu pudesse encontrar meu amor,
não voltaria jamais."

Zédu disse...

Estou em pleno tempo da delicadeza.

Unknown disse...

Sim tempo de delicadeza, é tempo de sutil dicernimento. Eu o associo a algo que li um dia de alguém também em tempo de delicadeza e que tendo a ver comigo notei e anotei:

"Há um mundo em silêncio, por dentro, que pode esperar...
...
..
."

Unknown disse...

tempo de discernimento onde o s faz toda a diferença... um lapso...

Inês Queiroz disse...

"A cara dele e dela"

The mere idea of you
The longing here for you
You never know how slow the moments go.

I see your face in every flower
Your eyes in the stars above
Its just the thought of you
The very thought of you my love.