sexta-feira, 11 de maio de 2007

O gabinete do Dr. Lacan



Entrevista à imprensa, Roma, 29 de outubro de 1974
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Sr. A (jornalista) - ...para alcançar esse algo que nos transcende (inaudível)...aí existem, de fato, as engenhocas e, de fato, as engenhocas comem a gente.
Lacan - Sim, quanto a mim, não sou muito pessimista. Haverá um tamponamento da engenhoca. Sua extrapolação, quero dizer, sua maneira de fazer com que o real e o transcendente convirjam, devo dizer que isso me parece um ato de fé, porque na verdade...
Sr. A - Mas eu lhe pergunto o que não é um ato de fé!?
Lacan - É isso que há de horrível, é que continuamos na feira.
Sr. A - Eu disse fé, não disse feira!
Lacan - ... é assim que eu traduzo fé. A fé é a feira. Há tantas fés, o Sr. compreende, fés que se aninham nos cantos, que, apesar de tudo, isso não se diz bem senão no fórum, isto é, na feira.
Sr. A - Fé, fórum, feira, são jogos de palavras!
Lacan - São jogos de palavras, é verdade. Mas dou enorme importância aos jogos de palavras, o sr. sabe. Isso me parece a chave da Psicanálise.
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Panos rápidos!
(mas a entrevista continuou; esses jornalistas...!)

Um comentário:

Anônimo disse...

Se o jogo de palavras é a chave da Psicanálise, então, querido Zédu, como se prova em cada post do seu blog, o senhor é doutor na coisa. Já armou o seu divâ por essas campinas onde se escondeu dos amigos? Muitas saudades.