terça-feira, 30 de outubro de 2007

Por ti, eu mudo.



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Queria hoje te fazer presente,
Numa letra torta, num intocável gesto
Que mesmo sendo do em ti ausente,
Fosse homenagem, pranto e manifesto.
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Mais uma vez sou eu que aqui ganho,
Os restos e demais ficados de tua pessoa.
A voz sumida, o semblante estranho,
E o desejo intenso, ainda que doa.
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E a escrita para, sem objeto,
Em ti me acho, por ti eu mudo.
E comemoro, de ti, o gesto
Porque o desejo, em ti, foi tudo.
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Para Gilza, no 30 de outubro

Um comentário:

Anônimo disse...

imagino como devem estar silenciosos para você esses últimos dias de outubro.

Ao ler somente hoje a sua homenagem à Gilza fiquei aqui parada nela por um longo tempo. Uma pontinha mínima que que possa estar sentindo com certeza me tocou.

Estivesse perto do meu grande amigo, em silêncio íntimo e fraterno, talvez após algum tempo lhe oferecesse um café, uma água ou alguma outra coisa. Colocasse uma música e me dispusesse às lembranças que não quisessem calar em você.
Talvez ficasse um tanto desconcertada por não saber nem o que fazer e menos ainda sobre o que dizer.

Talvez arriscasse ao convite para ver o por do sol da sua varanda.

Nada disso acontecesse, o silêncio talvez fosse cortado por uma breve pergunta como posso acender a luz?

Interessante que alguém aqui em minha casa fez isto por mim neste exato momento - acendeu a luz.

Telefone - Estive por longo tempo com a minha cunhada que me ligou com saudades. Muito bom. Ela disse estar pensando muito em mim nestes dias. Me falou da vida e nisto me falou também da morte ao falar do envelhecer de um modo muito bonito. Falou no meu irmão e eu fiquei feliz. Ela disse que o Rio está cada dia mais lindo e assim descreveu um verde do baixo Gávea que vê da sua Janela. Um verde particular eu suponho e que vem no choro, pela emoção dela. Muitas lembranças. Bebeu além do ponto que traz somente alegria e vazou pela memória o triste, o ausente, o nunca de algumas de suas experiências.

Ela falou muito da primavera outonal no Rio com suas folhas amarelas caídas ao chão. Pelo menos o chão que la vê lá de cima me religa ao " Por ti, eu mudo."

Sem deixar de ouvir a Rose releio seus versos para a Gilza.

Desligado o telefone voltei aqui com o forte desejo de congelar algumas imagens feitas você, por ela e também por mim num espaço-tempo pelo qual estiveram ligadas a sua Campinas de hoje, o seu Rio de um tempo atraz e o de um por-vir, que é também Rio delas e que por sua vez passaram como imagens pela minha Beagá.

Os dizeres da Rose fizeram-se Rosa que deixo aqui para você e também para ela sempre-viva no seu coração .
Quanta coisa vivida no plano mais que real-virtual, o que me deu o ponto de partida para o que deixo aqui.

O Rio e seus amigos/as te aguardam

Um beijo grande meu amigo.


Meire