quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Drummond de presente


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É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.
É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.
É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.
É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.
Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.

O Enterrado Vivo Carlos Drummond de Andrade

Obrigado, Inês

Um comentário:

Anônimo disse...

É sempre nas alegrias a presença.
É sempre nas tristezas o regaço.
É sempre nas hesitações a palavra.
É sempre nas esperas a saudade.
É sempre nos desvarios a calma.
É sempre nos contratempos a delicadeza.
É sempre e para sempre o meu menino.

Um sempre beijo,