sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Inconfidência maneira


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Sou a mancha na parede,
prego,
retrato antigo.
Renovada mesma coisa
da santíssima trindade
do eu em mim comigo.
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Sou a ilusão de mim mesmo,
sou onde ouso e atrevo
a escolha de meus castigos.
Sou nome, sou multidão,
sou aquele que erra a esmo,
sou um nó que chamo umbigo.




Imagem: Francis Bacon, o outro

Um comentário:

Unknown disse...

Oi moço, num cumprimento bem à mineira-maneira...

Encontrei um artigo fonte de boa água para o comentário dessa postagem. Isto por tentar compreender a imagem análoga aos seus versos e que os ilustra. Para mim pegou pesado com você mesmo na inconfidência nem tão maneira. Se eles vão do ser mancha na parede, prego, retrato antigo ao ser nó a que chama umbigo pelo que visitei, o bom achado foi a citação que faço agora do próprio F. Bacon quando ele diz: "Acontece que sou muito repleto de imagens, muito."1

Passo a citar o artigo para mim muito bom...

"Na fervilhante imaginação de Bacon, a maior parte dessas imagens era do corpo, normalmente o humano, às vezes o animal. É provável que só uma pequena fração delas tenha sido materializada e, destas, muitas destruídas. Bacon pintava a si próprio, dúzias de pequenos auto-retratos, bustos ou meios-corpos e, mais raramente, a partir de 1956, fez cerca de dezessete auto-retratos de corpo inteiro; pintava amantes e amigos íntimos, nus masculinos, femininos, algumas vezes de sexo indeterminado e, ocasionalmente, de modo chocante, corpos em união íntima. Como o eram para Picasso, o corpo, sua carne e seus orifícios são o grande tema de Bacon, havendo diferenças e convergências significativas nas distorções que ambos fazem respectivamente da figura humana. O que Picasso manipulava e reexprimia nascia do desejo físico e do medo do corpo do outro, assim como de um amor pelos ritmos formais. Para Bacon, há o desejo de intensificar e quase consumir a presença viva do corpo, quer o dele mesmo, quer o do outro, de exprimir na pintura o físico como uma realidade. "As imagens, apenas tento extraí-las de meu sistema nervoso tão corretamente quanto possa." 2

1. David Sylvester, Interviews with Francis Bacon, Londres: Thames & Hudson, 1980, p.166.

2. Ibid. p.41.

http://www1.uol.com.br/bienal/24bienal/nuh/pnuhbacon02a.htm

blogger é cultura ....rindo aqui só-zinha

Beijos