terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

O dia em que resolvi não morrer

Do eu mim nela

Dela tomei o gesto e o gosto torpe,
a tempestade e o sangue,
o grito surdo, a palavra muda,
o terror e o vulcão voraz
a infinita surpresa atõnita

Nela, sorri felina verdade,
amargo encontro desencontrado,
o olhar negado, o recolhido gesto,
um antes acabado
em sabor de resto
e o oferecido pulso, cicatrizado.

Dela tomei a seiva rubra
escorrida, coagulada
e o colar sem pérolas,
tatuagem riscada;
a corda, o quase, e o talvez falhado.
Inconfidencia enforcada,
vergonha, nudez, nada.

Dela inventei um gosto
roto,
de boca não beijada,
de solitário arrepio de um abraço
nunca dado;
a dor, o amor e o fracassado

Nela, restei e vi
a desistência,
e desisti de repetir
o acordar maldito,
o terror não escrito,
os pontos cegos.
E aprendi estranho Isso
que nela ouvi.

E nela, fiz-me
novamente again
pela primeira vez.
Insistencia atenta,
tateares tontos,
bêbados passos,
precários equilibrares,
equivocado no oco
louco
que nela vi.

Por ela um eu passou-me
e fez-se prá trás, distante
deste outro mesmo agora diferente,
que o, dela, instante,
equilibra abismos,
e vive muito bem
dela prá frente.

Dela, guardo meu presente
e sou, eternamente,
do gesto heróico,
bardo redundante.

Por ela, sigo adiante.

E ela nela restou.
E dela só ela sabe o sabor
desta história dela
que em nós queimou.

Nela, aposto um risco
que, valendo-me a pena
será, dela, nosso petisco.

E, por ela, me arrisco!


Um dia qualquer do último setembro do último ano do século passado

Um comentário:

Anônimo disse...

Sim, provavelmente por isso e