quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Menina com brinco de pérola























O que me encanta é a magia,
Que resiste ao nada que a sustenta
O que me seduz é a beleza,
Que resiste às carnes corroídas
O me diz é o carinho
Que resiste à ausência que se impõe ao toque.
.

O que sei é o que me sinto,
Belo, encantado, acolhido
Como a pérola da qual nada sabe a concha
Me resguardo em quem não me sabe.
Escondido, escandido, nada para nenhum olhar
.

Até que um pescador me colha e me revele,
Outra pérola em busca de uma menina
Que me fixe enfeite, enfeitiçada,
E me retorne ao nada donde parti.
.
.
Para ser lido, e olhado, escutando Bizet, Les Peucheurs des Perles, de preferência cantado por Alain Vanzo
ver comentários sobre o retorno da postagem

7 comentários:

Anônimo disse...

Não achei Alain Vanzo sugerido. Vc facilitaria minha vida e me enviaria um link? Many thanks either way.
Leila

Zédu disse...

Vou aprendendo que certas postagens mudam com as minhas mudanças e dizem, sendo as mesmas, outras novas coisas. Outras, retornam pelos mais variados motivos, inclusive a pedidos, até mesmo como amuletos de minha escolha.
Essa Menina, postada no primeiro semestre do ano passado é um pouco de tudo que digo acima; novo dizer, pedido, amuleto, e ficará por uns tempos abrindo o blog.

Dois Rios disse...

Zé,
A vida é isso. Um incessante repetir-se nas mesmas outras novas coisas.
Tristezas e alegrias sempre vêm e vão de um outro mesmo jeito, ainda que, vez por outra, a alegria resolve alojar-se no alto das copas. Mas há o canto dos pássaros. Há a poesia. Há o pescador de pérolas. Há o menino Zé erguendo, com a ternura que lhe cabe, uma grande escada para que ela volte a mim.
Meu sempre querer,
Inês,

Dois Rios disse...

É uma escada em caracol
E que não tem corrimão.
Vai a caminho do Sol
Mas nunca passa do chão.
Os degraus, quanto mais altos,
Mais estragados estão,
Nem sustos nem sobressaltos
servem sequer de lição.
Quem tem medo não a sobe
Quem tem sonhos também não.
Há quem chegue a deitar fora
O lastro do coração.
Sobe-se numa corrida.
Corre-se perigos em vão.
Adivinhaste: é a vida
A escada sem corrimão.

David Mourão-Ferreira

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Porque viver é um transitar constante por escadas sem corrimãos, onde, efetivamente, as dores, os sustos e os sobressaltos não são lastros, são provas. E o apoio somos nós.


Meu beijo,
Inês

Anônimo disse...

José Eduardo, esse seu contador está demorando pra carregar e ainda está emperrando a página.
Gostei da sua poesia, que para mim é nova. Só os motivos do retorno, pelo que eu entendi, são os mesmos.
Lembra a linda poesia do Mia Couto abaixo. Acho que é porque também fala de pérolas.
Cora Coralina

Anônimo disse...

Caro(a) anônimo,
Também venho achando o contador meio lerdo. Mas como ele continua me contando, de pingo em pingo, suporto-o.
A paciência, quase desaprendi, é uma virtude.
As poesias são sempre novas, mesmo para os pobres autores. Já os motivos.... São tantos...

Anônimo disse...

Interessante essa menina do brinco de pérolas, por tudo que traz de volta , por tudo que evoca , por tudo o que mexe com todo mundo. E o poema lido outra vez como o rio quando a ele se volta, nunca é também o mesmo. Gostei de andar por aqui, pois curiosamente revisito a mim mesma quando de outros tempos por aqui.

É ...quanta saudade do meu amigo
Pois saudade de amigo que é amigo, é coisa séria.

Pede horas de conversa, pede café, cerveja, caminhada, riso, canto , silêncios,

Pé de frutas frescas apanhadas na praça ficará sempre
como possibilidade ou como lembrança,

Como coisa viva ficará a saudade.
Meu beijo amigo,
Meire