quarta-feira, 16 de julho de 2008

Para Júlia, dona de minhas castanholas.

Buika foi um presente de Júlia, minha espanhola predileta, amiga de tantas coisas, de tanta vida. O vídeo é só isso, índice de uma saudade imensa que aqui publico e reconheço. E boa música que, quase garanto, muitos de vocês não conhecem. 
O poema, de Pedro Salinas, coloco como lembrança de outro presente da mesma sempre amiga, quando me apresentou o poeta tempos atrás (ver postagem de 20 de abril de 2007). 
Música e poeta, minhas mais preciosas castanholas.
Agradeçam à Júlia.



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TE BUSQUÉ POR LA DUDA

Te busqué por la duda:
no te encontraba nunca.
Me fui a tu encuentro
por el dolor.
Tú no venías por allí.

Me metí en lo más hondo
por ver si, al fin, estabas.
Por la angustia,
desgarradora, hiriéndome.
Tú no surgías nunca de la herida.

Y nadie me hizo señas
-un jardín o tus labios,
con árboles, con besos- 
nadie me dijo
-por eso te perdí-
que tú ibas por las últimas
terrazas de la risa,
del gozo, de lo cierto.

Que a ti te encontraba
en las cimas del beso
si duda y sin mañana.
En el vértice puro
de la alegría alta,
multiplicando júbilos
por júbilos, por risas,
por placeres.
Apuntando en el aire
las cifras fabulosas
sin peso de tu dicha.

 

Pedro Salinas
(tradução nos comentários)

Um comentário:

Zédu disse...

PELA DÚVIDA TE BUSQUEI

Tradução de Salomão Sousa


Pela dúvida te busquei:
não te encontrava nunca.
Ao teu encontro eu fui
pela dor.
Por ali tu não vinhas.

Ainda mais ao fundo eu desci
para ver, enfim, se estavas.
Através da angústia,
dilaceradora, ferindo-me.
Da ferida tu não surgias nunca.

E ninguém me acenou
—um jardim ou teus lábios,
com árvores, com beijos—;
ninguém me disse
—por isso te perdi—
que ias nos últimos
terraços do riso,
do gozo, da certeza.

Que tu te encontravas
nos topos do beijo
sem dúvida e sem manhã.
No vértice puro
da alegria alta,
multiplicando júbilos
por júbilos, por risos,
por prazeres.
Apontando no ar
as cifras fabulosas,
na leveza de tua felicidade.