quinta-feira, 17 de julho de 2008

Livremente



Leblon, Rio de Janeiro

Para Ti


DAME TU LIBERTAD...

 

Dame tu libertad.
No quiero tu fatiga,
no, ni tus hojas secas,
tu sueño, ojos cerrados.
Ven a mí desde ti,
no desde tu cansancio
de ti. Quiero sentirla.
Tu libertad me trae,
igual que un viento universal,
un olor de maderas

remotas de tus muebles,
una bandada de visiones
que tú veías
cuando en el colmo de tu libertad
cerrabas ya los ojos.
¡Qué hermosa tú libre y en pie!
Si tú me das tu libertad me das tus años

blancos, limpios y agudos como dientes,
me das el tiempo en que tú la gozabas.
Quiero sentirla como siente el agua
del puerto, pensativa,
en las quillas inmóviles
el alta mar. La turbulencia sacra.
Sentirla,
vuelo parado,
igual que en sosegado soto
siente la rama

donde el ave se posa,
el ardor de volar, la lucha terca
contra las dimensiones en azul.
Descánsala hoy en mí: la gozaré
con un temblor de hoja en que se paran
gotas del cielo al suelo.
La quiero

para soltarla, solamente.
No tengo cárcel para ti en mi ser.
Tu libertad te guarda para mí.
La soltaré otra vez, y por el cielo,
por el mar, por el tiempo,
veré cómo se marcha hacia su sino.
Si su sino soy yo, te está esperando. 

Pedro Salinas

(tradução nos comentários)


Um comentário:

Zédu disse...

DÁ-ME TUA LIBERDADE



Tradução de Salomão Sousa





Dá-me tua liberdade.

Não quero tua fadiga,

não, nem tuas folhas secas,

teu sonho, teus olhos cerrados.

Vem a mim a partir de ti,

não a partir do teu cansaço

de ti; quero senti-la.

Tua liberdade me traz,

assim igual a um vento universal,

um odor de madeira.

remotas de teus móveis,

um monte de visões

que tu vias

quando no alto de tua liberdade

já cerravas os olhos.

Que bela tu livre e de pé!

Se me dás tua liberdade me dás teus anos

brancos, limpos e agudos como dentes,

dás-me o tempo em que a gozavas.

Quero senti-la como sente a água

do porto, pensativa,

nas quilhas imóveis

em alto mar. A turbulência sacra.

Senti-la,

vôo parado,

assim como a quieta várzea

sente a rama

onde vem a ave e pousa,

o ardor de voar, a luta pertinaz

contra as dimensões azuis.

Dencanse-a hoje em mim: vou gozá-la

com um tremular de folha em que descem

gotas do céu ao solo.

Quero-a

para soltá-la, somente.

Não tenho cárcere para ti em meu ser.

Tua liberdade te guarda para mim.

Soltarei-a outra vez, e pelo céu,

pelo mar, pelo tempo,

verei como parte para seu destino.

Se o teu destino sou eu, ele te espera.