sábado, 12 de julho de 2008

Lei sêca

Eu queria fazer uma postagem sobre o Frango, sobre o bar onde este blog se escreve e se pensa. Queria inventar um filminho que colocasse música em imagens que contariam para todos um pouco do que o Frango é.
Pois o Frango não é tão simples de definir. É um botequim, claro, mas um que não se enquadra exatamente, ou mesmo quase exatamente como lembraria o engenheiro em mim, em algumas das categorias hoje vigentes: chique, de grife, metido a diferente, pé sujo, bar da molecada da Unicamp (categoria barão-geraldense), mais ou menos qualquer das coisas acima, uma lista quase tão grande quanto aquelas que Borges organizava nas suas malucas classificações. O Frango é, no que me diz respeito, inclassificável, em todos os sentidos da palavra.
Assim saí eu, me metendo a me pensar capaz de ensaiar, fotograficamente, esse Frango que me identifica e afeta. A bateria da máquina foi mais esperta que eu e resolveu ser melhor arriar-se do que submeter-se à bobagem proposta.
Pior, que aqui confesso: a música que o Frango sustentaria com suas imagens, com um certo imaginário que no vídeo se venderia, seria uma coisa longe do espírito do lugar, ainda que falasse em bebidas e bêbados. O Frango não será jamais um bar daqueles americanos onde, no balcão (nome de bar classificável de São Paulo, o Balcão, que até me garantem bom), alguém se afoga no whiskey e na suposta intimidade com o garçom, como cansamos de ver encenado em filmes americanos. Coisa que não faz a música ruim, mas não coloca o Frango nela.
Logo, desistido que fui de minha tentativa de antropologia do Frango pelo mais saber da bateria de minha máquina, restei com a música, que postarei assim mesmo. E fico devendo algum Frango, com alguma outra música, algum outro momento.
Mas faço, em memória de todos os nossos botequins, seja o Rick´s de Casablanca e seu amor impossível, seja aquele em que cada um foi infeliz em algum fim de noite. E desejando que todos vocês possam curtir o vídeo sem estarem, como não estou, um infeliz de botequim.
Beijos de botequim!


2 comentários:

Anônimo disse...

Zé, tenho Iido seu sitio, gosto do estiIo, acho uma coisa boa. Obrigado por issoI AqueIa do Bar do Frango foi o máximo, taIvez a sua mehor, feita de bate e pronto. A música eterna do Sinatra fechou o ambiente, poderia ser aIgum(a) outro, Tito Madi, Maria Bethania.... você acertou. Iembrei-me do Bagdá Café, sem dúvidas o meu mehor boteco, depois do Frango. Cara, acho que merecemos um chopinho!

Beijo na testa,

Anônimo disse...

Boa maneira de fechar o dia, quando passo novamente por aqui, atualizo a leitura no blog e gosto muito do andou postando. No caso deste comentário o que você chamou de uma possível antropologia do frango ,eu colocando mais água no cozimento deste prato chamaria de provável antologia. Gostei bem...

Quanto a mim deixo tocando e repetindo a música enquanto tranço pelo quarto preparando a semana incerta na apreensão em que me encontro. Enquanto arrumo também minha cama, bolsa e hidrato a pele eu volto aqui para repeti-la. É bom ouvi-la pois esta música a exemplo de outras, sempre acalentam na voz dele. Esta contribui para me distrair um pouco dos meus medos ou fantasmas do ainda por/vir. O que enfrento é pesado quanto mais eu penso.

Por outro lado é interessante isto, pois de certo modo quando escrevemos, registramos também o fato de por este meio nos sentirmos então menos sós.

Um beijo meu amigo.

Meire