terça-feira, 3 de abril de 2007

Web Tide






Navego em ondas sem fim
por mares ainda mais imensos,
sem porto que me caia à vista
em um triste navegar.
Pois não têm de ter fim as ondas?
Não há que se desmanchar em´spumas?
Fazer rir crianças quando, aquietadas,
lambem areias?
Não é das ondas arrepiar os corpos
no encontro frio com as águas que nelas ondulam?
Serem mansas, bravias, e sempre outras?
.
Onde as conchas que minhas ondas não desvelam?
Onde o barulho, se nunca se quebram?
A fúria, se não desmontam ruidosas?
O sabor, se não lambem areias?
.
Que ondas são essas, essas ondas minhas?
Que mar é esse que me navega?
Onde as crianças, as mães aflitas e os grãos de areia?
Onde meu povo, meu litoral?
As oferendas, onde estão?
As flores, as palmas as velas e os organdis?
Onde minha arrebentação?
Onde os nomes, as juras e as pegadas
Que em lambê-las, apagaria em traços?
.
No entanto são essas essas ondas minhas
Ondas desertas de espuma
Sem saber a sal ou mares
Sem praias para morrer
Sem areias para lavar os rastros.
Sem litoral, erram neste mar que mar não é
Saem de mim, fogem de mim, vou sempre com elas
Nelas me perco na rede de suas marés
De solidões povoadas, escolhos, naufrágos e míticas sereias.
.
Pois são assim, essas ondas minhas.





Bar do Frango, 07 de fevereiro de 2007

2 comentários:

Inês Queiroz disse...

Pois são assim, essas ondas de todos nós meu querido Zé.

Meire Eloisa disse...

Nas suas ondas e do velho chico ( o Buarque) de rios e mares estou com você e com ele, pois a gente se bambeia e se cambaleia, nas ondas suas e também nas nossas que são de todos os duros na queda. É preciso se deixar ensolar pelo sol da estrada e se alumiar pela lua que alumia o mar. Será que a vida, onda e mais ondas, pode ser não bela se o sol na estrada amarela mostrar ondas outras a quem ousar olhar?