quarta-feira, 4 de março de 2009

O aparecimento da aranha alucinada (que ainda nem se sabia)

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Eumateia
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O que, dela, não perdôo nela,
É ter deixado, em mim, essa idéia
De que para além da vida, há uma janela.
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O que nela, dela, ainda não perdôo
É ter mostrado que para minha aldeia
Há um caminho árduo ou um simples vôo.
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O que não consigo acomodar em mim,
No que dela inda trago nas veias,
É a certeza impune de um meu triste fim.
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E temo varandas, sacadas e todas as janelas,
E me sinto aflito a me debater na teia
Onde me espreita a aranha que ainda é dela.
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Mas na teia apreendo, teço e terço,
O que de mim é tudo e dela é meia,
E da prisão infame me livro em versos.
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Da cruz me dispo, braços me acolhem
Minhas Marias e um José de Arimatéia.
E pela janela, aberta, dos insetos, me faço pólen.
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Bar do Frango, 18 de abril de 2007

Postado em 18 de abril de 2007




2 comentários:

Zédu disse...

Ah! a aranha!
Essa teia em que eu matei-a, à aranha, aqui aparece pela primeira vez, sem aparecer que não seja no nome que se esconde no sonho de um outro.
Briguei muito com essa possibilidade de escolha. Que diga quem comigo esteve naquelas épocas. E não que hoje tenha mudado de idéia, a escolha ainda se coloca todos os dias, agora amenizada pela não urgência da questão, pela ilusão de uma resolução que ali, na data original do poema, comecei a tomar.
Hoje, dois anos depois, sei que fiz minha escolha. O que não desmerece o que no poema se diz: a escolha há. E nela se apreende algo de mim.

Anônimo disse...

Isso mesmo meu amigo bonitinho,

Um beijo,

Meire