quarta-feira, 25 de março de 2009

Coxas de andorinha (Carne a dentro)

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Do Frango às coxas,

destas às moças,
uma história tonta
que aqui se conta.
Mas verá o leitor
que no fim de tudo,
resta um amor
obrigado mudo.
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Vou abandonar o Frango
pelas coxinhas.
Espero que, lá, o rango,
quero dizer, galinhas,
se demonstrem mais dignas
desta troca ousada,
e me espetem insígnias
pela decisão tomada.
Abandono os machos,
frangos, frangotes,
para me gastar no escracho
dos meus velhos botes.
Quero coxas, coxões e sobrecoxas,
para fazer valer, enfim,
esta coisa roxa
que cacareja em mim.
Adeus Frango querido,
benvinda Coxinha minha!
Salve, salve, minha outra vida,
reapareço, desaparecido!
logo ali, numa outra esquina,
da sempre mesma pracinha.
Ali beberei as cevas que acolá eu tinha,
esquecerei os machos que por lá dormiam,
e far-te-ei Pasárgada, Coxinha minha,
ao encontrar as frangas que me comiam.
Do Frango a ti, será que errei?
Mas se és Pasárgada,
lá sou amigo do rei,
que mulheres me guarda,
e escolherei.
Delirante em ato,
só por escolha,
evito o farto, e o fato
de que esta outra bolha,
é fogo fátuo
de meu desejo errante.
Mas sigo adiante,
para além do Frango
uma Coxinha me espera.
Cansei do tango,
viva a quimera!
E do Frango às coxas,
e da suposta ousadia,
resto sem dança,
fico sem moças,
me agarro à lembrança
da anatomopatologia.
E por aqui eu resto e fico,
índio na oca,
com o dela Tico,
meu São Pipoca.
E só falta um nada
para ser Seu Zé
e retomar minha trilha;
é o Zé Mané
e a Sacra Família.


Dedicado à Gilza, que espero não ter perdido em vão
Publicado originalmente em maio de 2007

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