terça-feira, 31 de julho de 2007

Foi um Rio que lavou a minha vida


Nas águas do Rio mergulhei,
fundo, profundo, com dor e prazer.
Nas águas do Rio retornarei,
no sido do que tinha de ser.
.
Fui pescador, fui gaivota,
Escolhi sonhos, deixei pesadelos.
Andei por janelas, atravessei portas,
e me despedi em um alisar de cabelos.
.
No Rio colhi, com mãos trêmulas e ávidas,
Ávilas, Campos, Queiroz e Campinas;
um resto todo de uma minha vida.
E fui, bendita ave de rapina.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois[Zé], esse Rio que já te acolheu em águas mansas e cálidas ao passo que também já te afugentou pela frieza e furor das correntezas, foi o que tinha de ser e nunca mais será o mesmo depois desse mergulho fundo, profundo.
Nele ficou o sal das tuas lágrimas, a doçura do teu olhar, o suor do teu corpo, o calor dos teus abraços e muito mais: ficaram sentimentos trocados em moedas de amor e amizade eternos, espalhados pelos Campos cobertos por Ávilas e por onde, diariamente, eu gostava de passear.
Tantas coisas você lavou nesse Rio e mesmo assim ele ficou vazio de você. Vazio da presença, porque de resto ele permanece tomado de Zé pelas calçadas, esquinas, mondegos, cafeínas, belmontes, taças (quebradas) de chuvas e tardes (assustadas) de vinhos.
Lá fora restou um sopro de vento em busca das tuas velas que deixaram este cais rumo a uma terra sem mar. Terra essa que você foi buscar quando a correnteza do Rio tornou-se insuportável para continuar remando contra.
Que ela te acolha e te alente.
Te sentir bem é o que dá sentido a tua ausência.
Te amo, sempre.

Unknown disse...

Olá meu amigo,

Pouco ou tudo a dizer se inspirada nas palavras do grande Michelângelo:

A obra, no caso um existir "in" de sustentável leveza, já estava lá, faltava apenas retirar o excesso de mármore, que emoldurava a vida com dureza, tristeza e medo. Muito bom que o Rio estivesse lá e que estando, tenha lavado sua vida. No mais é prosseguir.

Grande abraço,

Meire