sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sobre febres, fogos e infernos

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"Feito febre, baixava às vezes... aquela sensação de que nada daria jamais certo, que todos os esforços seriam para sempre inúteis, e coisa nenhuma de alguma forma se modificaria. Mais que sensação, densa certeza viscosa, impedindo qualquer movimento em direção à luz. E além da certeza, a premonição de um futuro onde não haveria o menor esboço de uma espécie qualquer não sabia se de esperança, fé alegria, mas certamente qualquer coisa assim"

Caio Fernando Abreu, Morangos Mofados




"Nós pensávamos... que a vida no inferno fosse o lugar do eterno desespero... Ai de mim, não, pois este é o lugar da inextinguível esperança, que torna cada dia pior do que o outro, pois esta sede..., que nos é mantida viva, não é jamais satisfeita"

Umberto Eco
, A Ilha do Dia Anterior

2 comentários:

Inês Queiroz disse...

"A situação é esta: os campos eram puros e limpos, eu ateei muitos fogos, tinha fósforos e gasolina, agora estou no exacto centro de todos eles, cercam-me por todos os lados que não existem para fugir, e espero pelo incêndio, apenas espero." José Luís Peixoto
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Há um relativo conforto em nos abrigarmos nas palavras dos outros visto que os ditos não recaem diretamente sobre nós, embora o feito de nos deixarmos abrigar, faça com que eles passem a ser nossos também.

Sendo assim, aqui me digo em palavras alheias.

Beijo,

Anônimo disse...

Nossa, que lindo tudo por aqui!