Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem lutos e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.
António Gedeão
(Portugal/1906-1997)
Obrigado, Inês
2 comentários:
Oi Zédu,
Lindo poema e linda imagem.
Dois diferentes olhares numa mesma direção. Adorei!
Adélia Prado
Primeira vez aqui.
A foto chamou-me a atenção.
Gedeão é um dos meus poetas de cabeceira. Excelente escolha!
Therry
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