Para ti
Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só olhar
amando de uma só vida
Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só olhar
amando de uma só vida
Mia Couto
3 comentários:
O autor do poema é o meu mais novo amante: Mia Couto. Já tive fases de Caeiro, Manoel de Barros, Drummond, Clarice, Quintana, etc... Agora estou enamorada de Mia Couto.
O outro mesmo olhar
Mia Couto é deslumbrante. Sua intensidade transcende. Não foi à toa que cheguei a esse blog através de sua poesia. Essa, que por certo eu não conhecia, é tão fascinante quanto as outras. Mais uma ótima escolha. Parabéns!
Lais
Bonito, gostei !
Cristina
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