Hopper
Pergunto-me desde quando
deixou de haver futuro
nas janelas.
Janeiro dói nos olhos
como areia.
.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite.
Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio,
minha dor de cabeça, meu medo da morte.
João Cabral de Melo Neto
.
Perdoa-me por ser tão só, e falar-te
ainda do meu exílio. Perdoa-me se não
te peço a paz. Apenas pergunto: que me
darias se a pedisse?
Casimiro de Brito
.
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Clarice Lispector
Do sonho de eterno fica esse gosto ocre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.
Carlos Drummond de Andrade
.
Depois de te perder
Te encontro, com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei, como encantado
Ao lado teu.
Chico Buarque
.
e na palma da tua mão
busco ternura
sem contar meses,
anos, dias,
sem saber dizer
se já te chorei
por inteiro
o suficiente
para não voltar
a perder-te.
Vasco Gato
.
E o que redime a vida
É ela não caber
Em nenhuma medida.
Miguel Torga
.
Quem foi que à tua pele conferiu esse papel
de mais que tua pele ser pele da minha pele?
David Mourão-Ferreira
E falar, falar, sempre falar
Como grávidas loucas
E fazê-las (às palavras) multiplicar
No útero de nossas bocas
2 comentários:
Ah
A beleza fria do silêncio
A falta do futuro
O presente fechado
A pintura de Hopper.
Aaaah
Os olhos de areia,
A luz na janela,
Nudez,
Solidão a dois.
Ah
O livro aberto
Uma cama arrumada
Aaaah
Um homem falante
Multiplica sentidos
E esperas
Ahhh
Quem foi ?
Gostei disso. Belos enxertos.
Abs, Lais
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