quarta-feira, 22 de agosto de 2007
Natureza morta
Num momento ela estava ali, no meio da tarde,
meio miragem, meio nada, meio um monte;
um tudo impossível, ainda assim horizonte.
Numa noite, logo após ter florido a árvore,
secaram-se os galhos deste meu sonhar,
e onde havia um nada, nada mais há.
Acordei na ilha de meu naufrágio,
na solidão de um calvário sem sentido,
sentindo falta do que nunca havia sido.
E na falta, que da vida nos cobra ágio,
retomo as rédeas de meu por vir;
nenhuma queixa, tudo a construir.
Com as gentes, que me são constantes,
acolho o que neles é o me querer,
e construo com Isso um meu bem dizer.
E assim, findo o sonhado instante,
retomo a pena, a letra e a memória;
escrevo um nada e vou viver história.
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