quero...
um regaço para chorar,
mas um regaço enorme, sem forma,
espaçoso como uma noite de verão, e
contudo próximo, quente, feminino,
ao pé de uma lareira qualquer.
um colo, um berço,
um braço quente
em torno do meu pescoço,
uma voz que cante baixo
e que pareça querer fazer-me
chorar.
um calor no inverno,
um extravio morno da minha
consciência.
e depois, sem som,
um sonho calmo,
um espaço enorme como a lua
rodando entre as estrelas.
Bernardo Soares
Livro do Desassossego
sábado, 25 de outubro de 2008
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Um comentário:
Tenho para ti um regaço enorme, sem formato e espaçoso com uma noite de verão, mas não próximo, ainda que silencioso, acolhedor e quente.
Hás de cruzar os céus nas asas de uma gaivota (aquelas mesmas que antes traziam e levavam mensagens), e daí então ancorar tua cabeça no colo dos meus rios.
Beijo,
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