terça-feira, 13 de maio de 2008

No vitrolão da Emílio Ribas

Sobre minha iniciação musical no vitrolão 78 da Emílio Ribas, já contei bastante. Em frente a ele começou minha educação musical. Os bolachões negros dos discos 78 se dividiam entre clássicos, canções francesas e música para piano.
Entre os franceses havia, principalmente, Charles Trenet. E, entre tantas canções, La Mer e Que reste-t-il de nous amour?, ficaram gravadas em mim por razões misteriosas que nem Freud explica. Não acho que a gravação que aqui coloco de La Mer seja a que escutava sem entender palavra, só sorvendo a música que ainda era, qualquer uma, um mistério fascinante para mim (faltam-lhe os chiados dos discos 78 e a coisa toda me parece mais moderna do que me lembro), mas mata minhas saudades mesmo assim, ou melhor, aviva-as, já que é saudade de mim mesmo, de um outro tempo, de uma outra Campinas, muito mais do que do Charles Trenet a coisa que sinto.
A música, de sua autoria, foi originalmente gravada em 1946 (provavelmente a versão que tínhamos em casa), data que aliás corrigi na Wikipédia (versão tupiniquim) que afirmava, erroneamente, que ela havia sido gravada só em 1964 (vantagens de fazer uma pequena pesquisa antes de postar as lembranças de infância por aqui). Assim fosse, que restaria de minhas memórias infantis? Em 64 eu já era Diretor do Departamento de Politização do Grêmio do Culto à Ciência, não ouvia mais discos 78 e tinha minha própria sonata para escutar bossa-nova, jazz, tudo já em LP´s (aliás, por essa época dançavamos La Mer na gravação de Ray Conniff), um moleque metido a adulto vendido para o gosto, e desgosto, dos outros moleques como eu . Não ia perder meu tempo com franceses do gosto de meus pais. Mas, lá pelo final dos 50´s, o papo era outro e o menino bem mais puro. Gostava mais!



Obrigado, Regina, pela música
.

3 comentários:

  1. La mer
    Qu'on voit danser le long des golfes clairs
    A des reflets d'argent
    La mer
    Des reflets changeants
    Sous la pluie

    La mer
    Au ciel d'ete confond
    Ses blancs moutons
    Avec les anges si purs
    La mer bergere d'azur
    Infinie

    Voyez
    Pres des etangs
    Ces grands roseaux mouilles
    Voyez
    Ces oiseaux blancs
    Et ces maisons rouillees

    La mer
    Les a berces
    Le long des golfes clairs
    Et d'une chanson d'amour
    La mer
    A berce mon coeur pour la vie

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  2. Estes passeios a que nos leva, colaboram para que a gente também vôe em pensamento e comece a lembrar...

    No longe do tempo reencontramos quem fomos e que por isto de algum modo explica como somos.

    Mas antes de tudo, gosto de saber de você trazido com naturalidade junto às músicas e os comentários sobre a vida, o seu viver numa síntese gostosa de ler, pois evocam o famoso éramos felizes e claro que sabíamos...

    Aqui em seu blog, me reconheço uma incurável romântica. Ainda bem!

    Um beijo madrugadeiro ...

    Está frioooo aqui em BH - caminha ..é bom.
    Meire

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  3. Esse relembrar me faz pensar sobre a grande necessidade que temos de recuperar a leveza. Houve um tempo, e não faz muito, como aqui se pode comprovar, em que éramos mais leves.
    Lais

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