Vê bem, Maria aqui se cruzam: Este é o Rio Negro, aquele é o Solimões. Vê bem como este contra aquele investe, como as saudades com as recordações. Vê como se separam duas águas, Que se querem reunir, mas visualmente; É um coração que quer reunir as mágoas De um passado, às venturas de um presente. (...) Olha esta água, que é negra como tinta. Posta nas mãos, é alva que faz gosto; Dá por visto o nanquim com que se pinta, Nos olhos, a paisagem de um desgosto. Aquela outra parece amarelaça, Muito, no entanto é também limpa, engana: (...) Que profundeza extraordinária, imensa, Que profundeza, mais que desconforme! (...) Se estes dois rios fossemos, Maria, Todas as vezes que nos encontramos, Que Amazonas de amor não sairia De mim, de ti, de nós que nos amamos!...
Encontro das Águas (fragmentos) Quintino Cunha (l875-1943) ------------- Beijos,
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Vê bem, Maria aqui se cruzam:
Este é o Rio Negro, aquele é o
Solimões.
Vê bem como este contra aquele
investe,
como as saudades com as
recordações.
Vê como se separam duas águas,
Que se querem reunir, mas
visualmente;
É um coração que quer reunir as
mágoas
De um passado, às venturas de um
presente.
(...)
Olha esta água, que é negra como
tinta.
Posta nas mãos, é alva que faz
gosto;
Dá por visto o nanquim com que se
pinta,
Nos olhos, a paisagem de um
desgosto.
Aquela outra parece amarelaça,
Muito, no entanto é também limpa,
engana:
(...)
Que profundeza extraordinária,
imensa,
Que profundeza, mais que
desconforme!
(...)
Se estes dois rios fossemos, Maria,
Todas as vezes que nos encontramos,
Que Amazonas de amor não sairia
De mim, de ti, de nós que nos
amamos!...
Encontro das Águas (fragmentos)
Quintino Cunha
(l875-1943)
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Beijos,
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