Monet
Sofrer com a morte deles,é culpá-los de aqui não estar.
No mínimo, egoístas dizê-los,
por tanta dor nos causar.
No entanto, se por eles temos,
respeito e reconhecimento,
devíamos tentar, pelo menos,
fazer da vida merecimento.
Cobrir o buraco com flores,
polir o mármore frio,
e sair para outros amores,
viver, nem que for por um fio.
Recusar preto por cores,
espanar os sofrimentos.
Da dor nos fazer senhores
e viver cada vão momento.
Só assim, amiga deste novo dia,
mudaremos nossas desditas,
e diluiremos a melancolia
na luta da coisa bem dita.
Pois só a morte nos garante a vida,
só a vida pode guardar a morte.
E devemos, às pessoas idas,
comemorar a nossa sorte.
Guardá-los com todo carinho,
acolhidos em nossas lembranças.
Mas saudá-los com taças de vinho,
e sempre levá-los para a dança.
Mas desejar é preciso,
navegar é necessário.
Não fazer, do desejo, inimigo
e jamais viver ao contrário
Permitir a cada qual sua escolha,
e respeitar as escolhas feitas.
E deixar que a vida nos colha
sem na alegria supor desfeita.
Viver porque estamos vivos
seguir porque a vida (é) chama,
parar de chorar o umbigo,
levantar e sair da cama.
Pois se eles nos mostraram justo
o possível do desistir,
devemos, a qualquer custo,
justificar nosso existir.
Barão Geraldo, 12 de dezembro de 2007.
Dedicado à memória de Gilza e Daniel,
e endereçado à uma amiga que ainda vai ser grande.
Um comentário:
Não sei com quem você fala, mas sei que você mesmo está de parabéns pela maneira com viveu essa difícil experiência. Espero que a amiga possa escutar a bela poesia e a maneira como você tratou tudo isso. Você estar como está é a melhor homenagem que poderia ser feita à Gilza.
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