quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Martha, my dear


Quando os Beatles apareceram ficamos numa encruzilhada. Por um lado tinha a música que nos apontava algo novo; por outro, os velhos comportamentos românticos que insistíamos em continuar sob o novo som. Tolinhos, não percebemos que algo muito mais fundamental que um novo som estava começanco a reformar a nossa sujeição (aliás, nem os meninos da banda sacavam isso). E só por isso os Beatles até hoje marcam esse momento de reviramento nas artes e manhas do discurso que nos sujeitava/sujeitaria.
Os ecos dessa virada vinham desde muitos anos atrás, mas muitos mesmo! Freud, avô da Xuxa, inventando a sexualidade infantil que a neta até hoje explora, nem desconfiava o que a clareza que sua análise da cultura permitiria um Outro bem maior que as tonterias vienenses ousavam a apontar corrigido pelo futuro de uma ilusão que morreu na praia que em Viena nunca houve. E muito mais ensinou o bom velhinho ao discurso atemporal que o continha. Ou alguém tem dúvida de que a Psicanálise mudou o mundo e reensinou o Outro?
Quando os alegres meninos de Liverpool chegaram, sem saber de onde vinham, nem para onde apontavam (lembrem-se que os Rolling Stones já eram bem mais mal comportados que eles e, por isso, nunca maracaram a virada que exigia uma ingenuidade que já não tinham), ainda vivíamos, nós, os que namoramos ao som deles, nos limites de uma pré-história romântica e tolinha. E isso, mais a brincadeira aqui nomeada, é o que nos mostra este vídeo: o ridículo e a modernidade (a pós só viria depois, como soe acontecer com tudo que vem após). O Outro, cansado de ser sensor, começa a se propor nosso sensor, o seis por meia dúzia que mudou tudo.
Mas a música é divertida, o nome se encaixa e o século é pós pós, doutorando-se em cada vez mais novas formas de sujeição.
Sorry pelo pequeno tratado. Curtam a música e, como diria o da Sociologia Príncipe, esqueçam tudo que eu disse.



Um comentário:

  1. Oi Zé/do coração,

    Esquecer como as suas palavras se num dizer já bem antigo "falou e disse" e nunca foi - ainda bem - nem de longe parecido com o príncipe da sociologia para pedir tal coisa.

    Penso que todo o seu "dizer e o dito" provocassem reminiscências de passagens da vida sob melodioso sujeitamento a um discurso que veio para ficar não só com a nossa geração. Marta my dear é como vídeo lindíssimo e ilustra expressivamente o que disse.

    Não seria assunto para uma roda de gente amiga conversar, rir, brincar e até chorar sem saber por que? Digo isto sabendo que roda de gente além dos 25 anos tem gole. Algumas poucas doses além costumam fazer dormir o super ego e a gente fala,fala e chora e ri.

    Em síntese saudade disso provocada por Marta my dear.

    Um beijo meu amigo.

    Meire

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