quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Impressão Digital



Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem lutos e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.


António Gedeão

(Portugal/1906-1997)

Obrigado, Inês

2 comentários:

  1. Oi Zédu,
    Lindo poema e linda imagem.
    Dois diferentes olhares numa mesma direção. Adorei!
    Adélia Prado

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  2. Primeira vez aqui.
    A foto chamou-me a atenção.
    Gedeão é um dos meus poetas de cabeceira. Excelente escolha!

    Therry

    ResponderExcluir

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