terça-feira, 3 de junho de 2008

Prêmio


A ALMA ENTRELAÇADA DOS INDESCRITÍVEIS

Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível

E o que eu desejo é luz e imaterial.

Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?

Hilda Hilst
Obrigado, Lais

2 comentários:

  1. Um canto triste,
    extenuado,
    derramado sobre um
    vazio latente,
    sem olhares,
    sem toques,
    pleno de
    perplexidades,
    vasto de indescritíveis.
    Um canto (des)encantado.
    Beijos,

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  2. Bravo!! Bravíssimo!! Grande Hilda Hilst.
    bj

    Meire

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