sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Dois Rios, duas linhas e um desencontro




O fruto de um sonho perdido
é sabor na boca acordado.

Um comentário:

  1. Vê bem, Maria aqui se cruzam:
    Este é o Rio Negro, aquele é o
    Solimões.
    Vê bem como este contra aquele
    investe,
    como as saudades com as
    recordações.
    Vê como se separam duas águas,
    Que se querem reunir, mas
    visualmente;
    É um coração que quer reunir as
    mágoas
    De um passado, às venturas de um
    presente.
    (...)
    Olha esta água, que é negra como
    tinta.
    Posta nas mãos, é alva que faz
    gosto;
    Dá por visto o nanquim com que se
    pinta,
    Nos olhos, a paisagem de um
    desgosto.
    Aquela outra parece amarelaça,
    Muito, no entanto é também limpa,
    engana:
    (...)
    Que profundeza extraordinária,
    imensa,
    Que profundeza, mais que
    desconforme!
    (...)
    Se estes dois rios fossemos, Maria,
    Todas as vezes que nos encontramos,
    Que Amazonas de amor não sairia
    De mim, de ti, de nós que nos
    amamos!...

    Encontro das Águas (fragmentos)
    Quintino Cunha
    (l875-1943)
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    Beijos,

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